Um estudo realizado pela Universidade de Washington (UW) indica que o aumento da temperatura reduzirá seriamente o rendimento global do milho até o fim desse século. De acordo com Michelle Tigchelaar, principal autora da pesquisa, além de confirmar os temores de outros cientistas, o estudo também indica que haverá grande variabilidade da produção de um ano para o outro e exibe a probabilidade de haver baixos rendimentos simultâneos nas maiores produtoras do grão, o que poderia levar a aumentos de preços e escassez de alimento.

“Estudos anteriores muitas vezes se concentraram apenas no clima e nas plantas, mas aqui olhamos para o clima, alimentos e mercados internacionais”, explica.

Apenas Brasil, Estados Unidos, Argentina e Ucrânia correspondem por 87% das exportações mundiais de milho, que em sua maioria é destinado ao comércio internacional e não ao doméstico. Segundo a pesquisadora de pós-doutorado em ciências atmosféricas da UW, a boa notícia é que a probabilidade desses quatro países terem, juntos, uma safra onde os rendimentos são de pelo menos 10% abaixo do normal é quase nula, porém o resultado é baseado no princípio de um aumento de 2ºC, o que só acontecerá se as emissões dos gases que provoquem o efeito estufa forem reduzidas.

Gases poluentes

No entanto, as previsões também indicam que se o aumento global da temperatura chegar a 4ºC e as taxas de emissão de gases poluentes continuarem, as chances de todos esses quatro países exportadores de milho terem um ano de produção ruim chega a 86%. Tigchelaar explica que, em linhas gerais, casos de uma intensa onda de calor como a que assolou a Europa Ocidental em 2003 e devastou plantações, terão altas probabilidades de acontecerem em mais de uma região no mesmo ano.

“A variabilidade de produção é importante para determinar os preços dos alimentos nos mercados internacionais, o que, por sua vez, tem grandes implicações para a segurança alimentar e a capacidade dos consumidores pobres de comprar alimentos”, alerta.

A pesquisa, que foi financiada pela Fundação Tamaki, não inclui variações de precipitação porque elas são difíceis de prever e as projeções mostram que elas serão pequenas se comparadas com as mudanças naturais na precipitação de um ano para o outro.

Fonte: Agrolink-Leonardo Gottems