*Por Rafael Dal Molin
Um dos maiores desafios dos produtores rurais do Brasil é encontrar uma forma de produzir mais com menos recursos naturais e financeiros, a fim de suprir a demanda mundial de alimentos. Somado a isso, encontra-se outra questão: fazer fechar a conta conectividade, gestão de dados e economia. Não é de hoje que o setor vem se reinventando: expressões como Big Data, Internet das Coisas (IoT), softwares, drones e aplicativos já fazem parte da rotina de quem atua no campo.
A agricultura digital, também chamada de agricultura 4.0, tem automatizado processos, tornado o negócio cada vez mais competitivo e impulsionado o surgimento de startups com soluções digitais que além de trazerem praticidade e eficiência, otimizam os resultados. Para modelo de comparação, em janeiro de 2020 existiam 322 AgTechs no país. Em setembro, o número saltou para 338, de acordo com a StartupBase, base de dados do ecossistema de startups elaborado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Levando em consideração que produtores e pecuaristas precisam estar preparados para lidar com fatores externos que não podem ser controlados, como as variáveis de clima, mercado e valores de insumos, as ferramentas têm ajudado a mitigar falhas e descuidos, uma vez que permitem que os gestores visualizem as propriedades à distância, controlem em tempo real o processo produtivo e tomem decisões mais assertivas, principalmente durante as crises.
Tecnologias voltadas para a gestão do agronegócio servem sim para automatizar processos, mas mais que isso: elas são indispensáveis para quem tem a intenção de organizar o empreendimento e transformar informações em conhecimentos seguros. Alguns softwares, por exemplo, dão clareza sobre os processos e recursos da empresa, porém também disponibilizam dados fiscais, tributários, contábeis, de controladoria e de todos os departamentos de uma firma.

Reduzir o trabalho e aumentar a eficiência operacional das empresas é o grande objetivo das organizações que trabalham exclusivamente com inovações no agronegócio. E para que as startups continuem ganhando escalabilidade, fundos de investimentos têm olhado com atenção para o segmento, com o objetivo de transformar pequenos negócios em companhias grandes e de alto impacto. O futuro do agronegócio já começou e é preciso estar atento às tendências.

Acredito que bons resultados no agro vêm da combinação de três fatores: pessoas, procedimentos e soluções digitais. Vejo que da mesma forma que é importante o investimento em ferramentas, é fundamental a qualificação da mão de obra para que as pessoas aprimorem o uso das tecnologias que já existem e das que estão vindo por aí. Isso agrega valor positivo ao empreendimento e potencializa o trabalho da equipe.

*Rafael Dal Molin é mestre em Computação Aplicada e Ciência da Computação na Universidade de Passo Fundo e é Diretor da Elevor – startup gaúcha que desenvolve softwares de gestão empresarial para os segmentos do agronegócio, atacado, distribuição, varejo e serviços.