Agroceres Multimix: Qual importância você atribui à forma física da ração que oferece aos animais?
- 15 de novembro de 2019
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Peletes: as dietas peletizadas e suas diferenças em relação a dietas fareladas
Já se sabe que a peletização de rações de suínos tem um efeito positivo nos indicadores de desempenho, como o ganho de peso e a taxa de conversão alimentar. Esses benefícios são atingidos pela melhora da digestibilidade devido ao tratamento térmico; melhora de palatabilidade da ração; alteração da forma física facilitando a ingestão, melhora da qualidade de mistura. Além disso, é possível aumentar a densidade da ração reduzindo espaços de armazenamento e custos de transporte e melhorar o fluxo da ração nas linhas de automação.
Os estudos que trataram de avaliar as diferenças em relação ao desempenho de animais alimentados com dietas peletizadas em relação a animais alimentados com dietas fareladas, concordam que o processamento das dietas é eficiente em maximizar o desempenho de leitões em fase de creche. Foi verificada melhor conversão alimentar e melhor ganho de peso diário quando a ração de leitões em creche foi peletizada (2,5mm), em comparação à dieta farelada, evidenciando o efeito benéfico proporcionado pelo processamento. Além disso, o processamento permitiu a melhora do coeficiente de digestibilidade da energia bruta em 3,6%. A conversão alimentar das dietas peletizadas melhorou em média 25,5% se comparada às dietas fareladas, sendo recomendado o processamento pelos autores (Medel et al., 2004).
É sabido que para se atingir esses benefícios é necessário que se produza peletes de alta qualidade, com PDI ( índice de durabilidade dos peletes) entre 90 e 95% de maneira a reduzir a presença de finos e evitar a dureza excessiva que possa prejudicar a mastigação e reduzir o consumo de ração. Além disso, convencionou-se no mercado de nutrição animal sobre a necessidade de se trabalhar com micropeletes na fase de creche, ou seja, peletes com diâmetro inferior à 3 milímetros. Mas será que essa prática realmente pode trazer benefícios e melhorar o desempenho zootécnico do leitão?
Diante deste cenário o objetivo com este estudo foi revisar os trabalhos que versaram sobre os efeitos da variação do diâmetro dos peletes sobre o consumo médio diário (CMD), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA) de leitões em creche.
O efeito do uso de peletes de diferentes diâmetros pouco tem sido estudado e desde a década de 90 os resultados sugerem que o uso de peletes de até 4 a 5mm podem ser empregados sem prejuízos ao desempenho de leitões, segundo o Swine Nutrition (Hancock e Behnke, 2001). Na tabela 1 estão sumarizados os resultados que compararam diferentes diâmetros de pelete sobre o desempenho de leitões em creche.
Houve ausência de diferenças significativas para as variáveis de desempenho (CMD, GPD e CA) nos períodos de 10 a 28, 28 a 35 e de 35 a 56 dias, de animais alimentados na maternidade com peletes de 1,8mm e 5,0mm e no pós desmane com peletes de 1,8mm, 2,4mm e 5,0mm, o que sugere uma rápida adaptação dos leitões à dieta que lhes é apresentada (Edge et al., 2005).
Ao avaliar peletes de 2,2mm em comparação a peletes de 4,0mm verificou-se ausência de diferenças significativas para os parâmetros de desempenho produtivo (CMD, GPD e CA) em períodos acumulados (21 a 71 dias de vida). Além disso, estes tamanhos de peletes contribuíram para que o custo por Kg de animal produzido fosse rigorosamente idêntico, atingindo uma cifra de R$1,935 para ambos os tamanhos de pelete. Ainda, o presente estudo propõe que o comportamento ingestivo de animais alimentados com peletes de 4mm foi satisfatório, em função de um adequado índice de dureza de pelete e facilidade de apreensão do alimento (Silva Neta, 2015).
O tamanho do pelete não teve efeito sobre os parâmetros de desempenho (CMD, GPD e CA) de leitões dos 21 aos 39 dias de vida alimentados com peletes de 2,5mm ou 4,75mm. Sem maiores interferências sobre a digestibilidade ou aceitabilidade pelos leitões (Mazutti et al., 2017).
Pode-se verificar que a alteração do diâmetro dos peletes para até 5,0mm oferecidos a leitões desde 10 dias de idade até a saída de creche, não altera o desempenho produtivo dos mesmos. Sendo assim, devemos direcionar a atenção para a qualidade da dieta e do processo de peletização das rações.
Tabela 1. Compilado de resultados do desempenho acumulado de leitões alimentados com dietas peletizadas.
Autores | Ano | Diâmetro do Pelete | Fase | Peso Final | CMD | GPD | CA | Observação |
Edge et al. | 2005 | 1,8 mm | 28-35 | 9,570 | 0,270 | 0,290 | 0,930 | Não houve diferença significativa (P>0,05) |
35-56 | 16,850 | 0,660 | 0,520 | 1,269 | ||||
2,4 mm | 28-35 | 9,690 | 0,270 | 0,310 | 0,870 | |||
35-56 | 19,070 | 0,670 | 0,510 | 1,314 | ||||
5,0 mm | 28-35 | 9,740 | 0,270 | 0,300 | 0,900 | |||
35-56 | 16,880 | 0,650 | 0,510 | 1,275 | ||||
Silva Neta | 2015 | 2,2 mm | 23-37 | 10,26 | 0,265 | 0,258 | 1,02 | Não houve diferença significativa (P>0,05) |
23-51 | 17,88 | 0,462 | 0,401 | 1,15 | ||||
23-71 | 34,03 | 0,798 | 0,570 | 1,40 | ||||
4,0 mm | 23-37 | 10,46 | 0,278 | 0,272 | 1,02 | |||
23-51 | 18,31 | 0,493 | 0,416 | 1,19 | ||||
23-71 | 34,04 | 0,829 | 0,570 | 1,45 | ||||
Mazutti et al. | 2017 | 2,5 mm | 21-39 | 12,36 | 0,336 | 0,287 | 1,320 | Não houve diferença significativa (P>0,05) |
4,75 mm | 21-39 | 12,18 | 0,358 | 0,277 | 1,410 |