Entre janeiro e julho deste ano, Argentina exportou 186 mil toneladas de carne bovina para a China contra 180 mil toneladas do Brasil

As exportações de carne bovina da Argentina para o mercado chinês superaram as do Brasil entre janeiro e julho deste ano. As informações foram divulgadas pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira, 23.

Entre janeiro e julho deste ano, as exportações da Argentina para a China alcançaram 186 mil toneladas. No mesmo período, o Brasil exportou 180 mil toneladas para os chineses. Os dados foram revelados pela revista Beef to China.

Ao todo, o volume exportado da Argentina para a China equivale a 70% de toda a exportação de carne bovina argentina. O volume também representa 21,7% da importação chinesa do produto. Já o volume brasileiro equivale a 21% da importação da China.

“A diferença é marginal. Mais importante que isso é o aumento das exportações argentinas em si, porque a China é um mercado de volume importante”, explicou o presidente do Consórcio de Exportadores de Carnes da Argentina (ABC), Mario Ravettino, em entrevista ao Valor Econômico.

Segundo estimativas de Ravettino, a Argentina pode exportar, ao todo, 720 mil toneladas de carne bovina em 2019, o que equivale a US$ 4 bilhões. O número deve manter o país no ranking dos dez maiores exportadores de carne bovina pelo segundo ano consecutivo, podendo chegar à quinta posição.

Em 2018, a Argentina ocupou a sexta colocação, enquanto Brasil, Índia, Austrália, Estados Unidos e Nova Zelândia ocuparam as primeiras colocações, respectivamente. Em 2005, a Argentina ocupava a terceira posição, atrás apenas de Brasil e Estados Unidos.

Os dados mostram uma recuperação de exportação no setor de carne bovina da Argentina. Ao longo do governo da ex-presidente Cristina Kirchner, o país reduziu as exportações, usando o slogan “garantir a mesa dos argentinos”, que dava ênfase a ações nacionais.

Por isso, ao longo do governo Kirchner, o país perdeu mais de 10 milhões de cabeça de gado, mais de 100 frigoríficos foram fechados e quase 20 mil pessoas perderam o emprego. Por outro lado, o consumo de carne per capita anual do argentino passou de 69,4 quilos, em 2007, para 112 quilos, em 2019, sendo 51 quilos bovinos, 40 quilos de frango, 16 quilos suínos e o restante entre outros tipos de carne.

Ao focar em recuperar o volume de exportações da carne bovina, Ravettino garante que o processo não vai afetar a oferta nacional do produto e nem elevará o preço para o consumo argentino. “Há carne para todos”, garante Ravettino.

“São mercados diferentes. Com a China temos volume, com a Europa temos preço. Mas nossa estratégia é vender para todos os países. […] O mercado doméstico não corre nenhum risco de que falte carne, e o preço da carne sobe menos que a inflação”, garantiu Ravettino. No entanto, a alta da inflação da Argentina já levou o consumo interno de carne a cair em 11,3% em relação ao mesmo período em 2018.

Fonte: Valor