As cotações da soja em Chicago expressaram um viés de leve baixa durante a última semana, embora o bushel tenha fechado a quinta-feira (29), para o primeiro mês cotado, no mesmo valor de uma semana atrás, ou seja, em US$ 8,56.

Não há grandes novidades em relação a safra estadunidense, na medida em que o clima continua favorável. Tanto é verdade que as condições das lavouras melhoraram, atingindo a 55% entre boas a excelentes (53% na semana anterior), superando o esperado pelo mercado. Outros 32% estavam regulares e 13% entre condições ruins a muito ruins.

Pelo lado do litígio comercial entre EUA e China, a situação se agravou um pouco mais diante das diferentes declarações dos representantes dos dois países. A China confirmou que irá aplicar tarifas sobre US$ 75 bilhões de importações estadunidenses, escalonadas em 1º de setembro e 15 de dezembro, seguindo o mesmo calendário das tarifas que os EUA pretendem aplicar sobre US$ 300 bilhões de produtos chineses. Nesta disputa, o presidente dos EUA chegou a declarar que o país não precisa da China e ficaria melhor sem ela, em nítido arroubo populista que não convence ninguém.

Por sua vez, os levantamentos do Crop Tour estariam indicando uma safra estadunidense menor ainda do que o USDA avançou em agosto. O volume indicado pela instituição privada ficou em apenas 95,2 milhões de toneladas, com uma produtividade média de 51,6 sacos/hectare. O USDA, no dia 12/08, apontou uma safra de 100,1 milhões de toneladas. Espera-se, agora, o relatório deste próximo dia 12/09.

Já as inspeções de exportação estadunidenses de soja somaram 961.964 toneladas na semana encerrada em 22/08. Dois terços deste volume seriam para a China, o que indica que o país asiático continuaria a comprar soja estadunidense, apesar do recrudescimento do litígio comercial entre os dois países. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de setembro de 2018, o volume alcança 44,4 milhões de toneladas, contra 55,5 milhões em igual período do ano anterior. Ou seja, o volume a ser negociado continua muito baixo para os padrões estadunidenses, fato que explica em boa parte porque as cotações não sobem diante de uma quebra de safra importante nos EUA.

Por sua vez, na semana encerrada em 15/08 as exportações líquidas de soja, por parte dos EUA, somaram 25.900 toneladas para o ano 2018/19, que se encerra em 30/09. Para o ano 2019/20 o volume chegou a 792.600 toneladas. A soma dos dois anos superou o esperado pelo mercado.

Neste contexto, as cotações se estabilizaram entre US$ 8,50 e US$ 8,70/bushel, com o mercado esperando uma definição mais concreta sobre o real tamanho da atual safra dos EUA, a qual começa a ser colhida no final de setembro.

No Brasil, os preços médios continuaram subindo, puxados pelo câmbio, o qual chegou a bater em R$ 4,15 por dólar durante a semana, com picos durante os pregões a R$ 4,19.

Assim, a média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 76,53/saco. No início de maio do corrente ano o saco de soja no balcão gaúcho registrava a média de apenas R$ 64,46, ou seja, R$ 12,07 a menos do que o preço atual. Isso dá uma dimensão da boa recuperação dos preços nas últimas semanas, estimulada particularmente pelo câmbio. Já os lotes subiram para R$ 83,50 a R$ 84,00/saco neste momento. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 73,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 83,50/saco no centro e norte do Paraná, passando por R$ 77,00 em São Gabriel (MS); R$ 75,00 em Goiatuba (GO); R$ 83,00 em Campos Novos (SC); R$ 75,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 77,00/saco em Uruçuí (PI).

Fonte: CEEMA / UNIJU