A China prometeu nesta sexta-feira revidar a decisão abrupta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 10% sobre 300 bilhões de dólares de importações chinesas, uma medida que encerrou uma trégua comercial que durou um mês.

O novo embaixador da China nas Nações Unidas, Zhang Jun, disse que Pequim tomaria “contramedidas necessárias” para proteger seus direitos e descreveu sem rodeios o movimento de Trump como “um ato irracional e irresponsável”.

“A posição da China é muito clara: se os EUA quiserem conversar, falaremos, se quiserem lutar, lutaremos”, disse Zhang a jornalistas em Nova York, sinalizando que as tensões no comércio podem prejudicar a cooperação entre os países em relação à Coreia do Norte.

Trump disse que a China precisa fazer muito para mudar as coisas nas negociações comerciais e repetiu uma ameaça anterior de aumentar substancialmente as tarifas caso Pequim não aja como devido.

“Não podemos apenas fazer um acordo com a China. Temos que fazer um acordo melhor com a China”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca.

O presidente dos Estados Unidos surpreendeu os mercados financeiros na quinta-feira ao dizer que planeja cobrar tarifas adicionais a partir de 1º de setembro, marcando o fim repentino da trégua em uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que já dura um ano e tem enfraquecido o crescimento econômico global e prejudicado cadeias de fornecimento.

Os mercados de ações de Wall Street deram sequência nesta sexta-feira a uma onda de vendas, enquanto rendimentos de títulos soberanos dos EUA e da Alemanha bateram mínimas em vários anos, em meio à corrida por ativos seguros.

Na manhã desta sexta-feira, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse que o país está se mantendo firme na disputa tarifária com os Estados Unidos.

— “Não vamos aceitar pressão máxima, intimidação ou chantagem”, disse Hua em entrevista coletiva em Pequim.

“Sobre as principais questões de princípio, não cedemos uma polegada”, disse ela, acrescentando que a China espera que os Estados Unidos “desistam de suas ilusões” e retornem às negociações com base no respeito mútuo e na igualdade.

As medidas de retaliação da China poderiam incluir tarifas, a proibição da exportação de terras raras –usadas em tudo, desde equipamentos militares até produtos eletrônicos de consumo– e penalidades contra empresas norte-americanas na China, segundo analistas.

Trump também ameaçou aumentar ainda mais as tarifas se o presidente chinês, Xi Jinping, não agir mais rapidamente para fechar um acordo comercial.

As tarifas de 10% –anunciadas por Trump em uma série de mensagens no Twitter depois que seus principais negociadores informaram sobre a falta de progresso nas negociações em Xangai nesta semana– estenderiam as cobranças para quase todos os produtos chineses importados pelos Estados Unidos.

Fonte: Reuters