O suinocultor sempre viveu na gangorra da economia. Se tem uma atividade que sofre altos e baixos entre preços e custos, é a suinocultura. Neste 24 de julho, dia em que comemora-se o Dia do Suinocultor, o Suino.com levanta realidades e desafios para a atividade até 2050, a partir de uma perspectiva global.

Cenário atual

  • Em 2022 a produção de carne suína movimentou 5 milhões de toneladas, sendo 1,1 milhão de toneladas exportadas (dados da ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal). O consumo per capita em 18 kg habitante/ano ainda pode melhorar muito, se compararmos ao do frango, que ultrapassa 45 kg/hab/ano.
  • A produção de suínos tem um papel fundamental na economia brasileira. Além de gerar emprego e renda em várias regiões do país, com uma indústria estruturada, desde a produção de rações, medicamentos e insumos, até a produção de suínos, processamento e comercialização de processamento de carne suína, movimenta mais de R$30 bilhões/ano (dado da ABPA).
  • Outro ponto importante da produção de carne suína é a segurança alimentar e a qualidade nutricional. A carne suína é uma opção nutritiva, saborosa e acessível para a população brasileira. Infelizmente, ainda esbarra em questões culturais, “dificuldades” ou desconhecimento de formas simples de preparo e desinformação com relação a mitos do passado. Ultrapassados esses limites, a carne suína pode e deve tornar-se queridinha da população, elevando o consumo per capita.
  • A exportação de carne suína é um importante item da economia brasileira. O Brasil é um dos principais exportadores mundiais de carne suína e a suinocultura do país desempenha um papel estratégico no comércio internacional. Em 2022, o Brasil exportou 1,137 milhões de toneladas, equivalente a U$S 2,6 bilhões.
  • Quando falamos em sustentabilidade – um termo do qual sabíamos da importância, mas que hoje é básico para o setor produtivo – a suinocultura mostra evolução significativa com a incorporação de práticas mais sustentáveis. Melhorias em termos de eficiência produtiva, redução no uso de recursos naturais, gestão adequada dos resíduos e bem-estar animal tornam a atividade cada vez mais sustentável.
  • Os avanços da atividade agropecuária demandam mão de obra cada vez mais qualificada. As operações automatizadas, ao passo que representam uma conquista para a eficiência da atividade, também se mostram uma das maiores dores dos produtores. Investir na educação de sucessores e funcionários, sem dúvida, é o caminho mais assertivo.
  • Hoje, a carne suína tornou-se Item de destaque nos restaurantes das grandes capitais. Mas, a verdade é que a suinocultura financia, há décadas, o desenvolvimento de várias regiões do país. Sem dúvidas, o Brasil não seria o produtor e exportador de alimentos que é hoje, sem o embalo desenvolvimentista da suinocultura. Especialmente nas regiões Sul e Centro-Oeste, a suinocultura é uma marca registrada da economia.

Desafios até 2050

A previsão da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) é de que, até 2050, a população mundial alcance 10 bilhões de habitantes. São pelo menos dois bilhões a mais de bocas para alimentar e essa responsabilidade está no colo dos setores de produção de alimentos, em resumo, agricultura e produção de proteína animal. Esse cenário se agrava quando pensamos que, quase um bilhão de pessoas no planeta, ainda não têm acesso a alimentos nutritivos diariamente.

Será a agricultura, a agropecuária e a indústria de alimentos capaz de produzir proteínas suficientes para alimentar o mundo e, ao mesmo tempo, tornar essa produção viável economicamente para produtores?

Acredita-se que 40% do território mundial é utilizado para a produção agrícola. Mas, para suprir as demandas por alimentos até 2050, seria preciso aumentar o volume em 50%, o que, obviamente, não é viável. O desafio é então potencializar a produtividade nas áreas disponíveis, produzindo alimentos acessíveis para a população e viáveis para os negócios. Para isso, torna-se fundamental investir em tecnologia e gestão eficiente das matérias primas e custos.

Claro que no discurso é muito fácil chegar a essa conclusão. Mas, essa é uma conta que vai fechar na prática?

A tendência é caminharmos, cada vez mais, para uma produção baseada em dados e tecnologias. Desperdícios, gargalos e retrabalhos devem ser, cada vez mais, suprimidos em prol da eficiência produtiva. Tudo isso, equilibrado com a sustentabilidade.

De um lado, o consumidor exige acessibilidade, qualidade e deseja saber qual o impacto social e ambiental do que compram. Do outro, produtores buscam retorno econômico. A indústria, por sua vez, necessita de matérias primas de qualidade e escala. O jogo, está claro, para ser ganho, precisa ser coletivo.

Samara Braghini –  Jornalista, especialista agro e editora do Suino.com