Após iniciar o dia em alta, dando continuidade ao movimento da véspera, o dólar à vista passou a ceder ante o real, na esteira da divulgação de dados mais fracos que o esperado do mercado de trabalho norte-americano, reforçando as dúvidas sobre a necessidade de mais uma elevação de juros pelo Federal Reserve este ano.

Às 10:38 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,86%, a 4,8578 reais na venda.

Na B3, às 10:38 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,25%, a 4,8820 reais.

A economia dos EUA gerou 187 mil postos de trabalho em julho, abaixo dos 200 mil postos projetados por economistas ouvidos na pesquisa Reuters. O setor privado gerou 172 mil vagas, ante 179 mil esperadas, enquanto o setor público abriu 15 mil novos postos.

Após a divulgação dos números, o dólar à vista migrou para o terreno negativo no Brasil, em sintonia com a perda de força da moeda norte-americana ante divisas fortes no exterior. O dólar também caía ante a maior parte das divisas de países emergentes ou exportadores de commodities.

Às 10:40 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,61%, a 101,830.

De acordo com o consultor econômico André Galhardo, da Remessa Online, com o resultado “devem crescer as apostas de que o Fed tenha encerrado o ciclo de aperto monetário na última reunião de política monetária”.

Ao avaliar setores específicos, o economista Matheus Pizzani, da CM Capital, chamou a atenção para os serviços.

“O setor de serviços, cujo mercado se mostrava ainda muito aquecido, especialmente em segmentos que vinham pressionando a inflação, como aqueles relacionados à indústria de turismo, apresentou comportamento muito mais moderado no período, criando apenas 17 mil vagas”, afirmou Pizzani em comentário enviado a clientes.

“A menor pressão por parte deste setor sobre o CPI (índice de inflação) pode ser crucial para a decisão do Fed de encerrar o ciclo de alta dos juros na próxima reunião.”

Após a divulgação dos dados do mercado de trabalho, os títulos norte-americanos precificavam 84% de probabilidade de o Fed manter sua taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50% em setembro.

Galhardo ponderou ainda, em comentário enviado à imprensa, que depois do forte avanço da moeda norte-americana no Brasil na quinta-feira é esperada alguma correção nesta sexta.

De fato, profissionais ouvidos pela Reuters na tarde de quinta-feira já classificavam como “forte demais” o avanço de quase 2% do dólar à vista na quinta-feira, após o Banco Central cortar a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, o que abria espaço para correções.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8997 reais na venda, com alta de 1,97%.

Fonte: Reuters