Após os recuos mais recentes, o dólar à vista fechou a segunda-feira em alta ante o real, com parte dos investidores sustentando posições compradas em meio à perspectiva de que o diferencial de juros do Brasil diminua, já que o Banco Central caminha para iniciar seu processo de cortes da Selic, enquanto o Federal Reserve tende a elevar o custo dos empréstimos.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8067 reais na venda, com alta de 0,37%.

Na B3, às 17:46 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,36%, a 4,8300 reais.

A moeda norte-americana chegou a sustentar perdas pela manhã, após o relatório Focus do BC, que compila as projeções do mercado para os principais indicadores, mostrar que a inflação calculada para 2023 foi de 5,06% para 4,98%. Para 2024, passou de 3,98% para 3,92% e, para 2025, de 3,80% para 3,60%. No caso de 2026, a inflação projetada foi de 3,72% para 3,50%.

Os dados elevaram as apostas de que, em sua reunião de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC dará a largada no processo de redução da taxa básica Selic com um corte de 0,50 ponto percentual. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.

Em um primeiro momento, a leitura foi de que, apesar de a queda da Selic reduzir o diferencial de juros para o Brasil, o país continuará atrativo ao capital externo no médio e no longo prazo, favorecendo o real.

Em relatório, o UBS ajustou suas projeções para o dólar no encerramento dos próximos trimestres, de 4,85 para 4,60 reais no terceiro trimestre de 2023 e de 5,00 para 4,80 reais no quatro trimestre de 2023. Para o primeiro trimestre de 2024, a projeção para o dólar foi mantida em 5,00 reais e, para o segundo trimestre de 2024, passou de 5,25 para 5,00 reais.

Na cotação mínima da sessão, registrada às 9h26, o dólar atingiu 4,7596 reais (-0,62%).

O fato de a moeda norte-americana ter passado recentemente por ajustes firmes de baixa, no entanto, fez as cotações voltarem a ganhar força ainda pela manhã.

Entre uma parcela do mercado repercutiu a leitura de que, com uma Selic mais baixa no Brasil e juros mais elevados nos EUA nos próximos meses — como vêm sinalizando o Federal Reserve –, há pouco espaço para quedas mais consistentes para o dólar.

“Nós vamos enfrentar uma situação mais difícil para o dólar daqui para frente, com o diferencial de juros caindo”, avaliou Wagner Varejão, especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos. “Para o real se valorizar mais, temos que ter algum nível de melhora estrutural, como por meio da aprovação de reformas. O vento a favor vai parar de soprar um pouco.”

A maior cautela com posições no real nesta segunda-feira fez o dólar registrar a máxima de 4,8072 reais (+0,38%) às 16h18, sendo que no exterior o movimento da moeda norte-americana era misto ante outras divisas.

Em função do feriado do Dia da Independência nos EUA nesta terça-feira, a expectativa também é de menos negócios com moedas no Brasil na próxima sessão.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de agosto.

Fonte: Reuters