A ansiedade dos investidores em torno da votação de projetos importantes para o governo na Câmara dos Deputados colocou o dólar à vista novamente em trajetória de alta ante o real nesta quarta-feira, em movimento favorecido ainda pelo avanço da moeda norte-americana no exterior.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8516 reais na venda, com alta de 0,24%. Foi a terceira sessão consecutiva de avanço da moeda norte-americana no Brasil.

Na B3, às 17:15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,05%, a 4,8685 reais.

A divisa dos EUA se manteve em alta no Brasil durante a maior parte da sessão, com investidores à espera de novidades sobre a tramitação da reforma tributária, do projeto que devolve ao governo o voto de desempate nas decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e da proposta do novo arcabouço fiscal.

Pela manhã, o presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), disse que pretende colocar a proposta de reforma tributária para votação no plenário da Casa na quinta-feira, após início da discussão em plenário ainda nesta quarta.

O deputado apontou a formatação do Conselho Federativo, que será responsável pela centralização da arrecadação de impostos, como um dos pontos que vêm sendo negociados na reforma e avaliou que governadores das regiões Norte e Nordeste têm se mostrado favoráveis ao texto, enquanto os do Centro-Oeste ainda têm resistências.

Operador ouvido pela Reuters pontuou que, em meio à ansiedade em torno da votação da reforma tributária, parte dos investidores preferiu se manter posicionada no dólar, em detrimento do real.

O viés de alta para o dólar foi reforçado pelo exterior, onde os investidores aguardavam a publicação da ata do último encontro do Fed, no meio da tarde, em busca de pistas sobre os próximos passos da política monetária dos EUA.

A expectativa de que o documento corroborasse mais elevações nas taxas de juros norte-americanas fazia o dólar subir ante uma cesta de moedas fortes e ante quase todas as divisas de países emergentes ou exportadores de commodities.

Na ata, o Fed informou que seus membros concordaram em manter a taxa de juros na faixa de 5% a 5,25% na reunião de junho como uma forma de ganhar tempo e avaliar se seriam necessários novos aumentos, ainda que a grande maioria esperasse por mais apertos na política monetária.

Neste cenário, o dólar se manteve no território positivo em praticamente todo o mundo.

Às 17:15 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,28%, a 103,360.

Durante a tarde, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 2,890 bilhões de dólares em junho, puxado pela entrada de moeda pela via comercial, após encerrar maio com saídas líquidas de 1,157 bilhão de dólares. No acumulado do primeiro semestre, o fluxo cambial total ficou positivo em 15,050 bilhões de dólares, em uma indicação de que o país segue atraindo divisas.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de agosto.

Fonte: Reuters