O dólar oscilava sem direção clara contra o real nesta quinta-feira, alternando ganhos e perdas conforme investidores repercutiam a decisão do Banco Central de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 11,75%, ao mesmo tempo que avaliavam as perspectivas de posicionamento mais duro do Federal Reserve nos Estados Unidos.

Às 10:58 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,16%, a 5,1000 reais na venda. A moeda oscilou entre 5,0710 reais na mínima (-0,41%) e 5,1040 reais no pico do dia (+0,24%).

Na B3, às 10:58 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,30%, a 5,1185 reais.

Na véspera, o BC colocou em prática o plano de reduzir a intensidade do ciclo de aperto monetário adotado para conter a inflação, e indicou ajuste da mesma magnitude na próxima reunião, apesar de destacar a incerteza sobre o atual cenário.

Estrategistas do Citi disseram em relatório desta quinta-feira que “o real tem potencial de operar bem” na esteira da decisão do Copom, já que juros mais altos no Brasil tendem a elevar a atratividade dos rendimentos oferecidos pela moeda local, mas também condicionou essa expectativa ao apetite por risco global.

Nesta manhã, as ações europeias e de Wall Street caíam, devolvendo ganhos recentes depois que a Rússia moderou as expectativas em torno das discussões de paz com a Ucrânia. No mercado de câmbio, o índice do dólar caía 0,2%, enquanto divisas emergentes pares do real tinham desempenho misto.

Investidores também repercutiam a decisão do Federal Reserve de elevar na quarta-feira os juros em 0,25 ponto percentual. O banco central norte-americano apresentou um plano agressivo para empurrar os custos de empréstimos nos Estados Unidos a níveis restritivos no próximo ano, diante das preocupações com a inflação alta e a guerra na Ucrânia.

Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, avaliou que os bancos centrais, no geral, passaram a mostrar preocupação muito maior com a inflação, que há alguns meses era vista apenas como temporária.

“Os BCs reconhecem, sim, muito, a inflação, e a função de reação está ligada de que tanto o BC brasileiro quanto o americano vão aumentar a dose do remédio –ou seja, os juros– se necessário.”

Falando sobre o impacto disso no câmbio, Giuberti acredita que o real, que já vem se beneficiando de fluxos estrangeiros para o Brasil neste início de ano, tem espaço para se valorizar ainda mais caso o BC seja mais agressivo na alta da Selic.

“O real vem performando bem porque teve uma rotação global para commodities, veio um fluxo muito grande de recursos e ainda temos o carrego voltando a ficar muito bom”, disse ele, referindo-se aos retornos oferecidos pelo real em estratégias que buscam lucrar com diferenciais de juros. “A gravidade puxa em favor do real.”

Ele ponderou que há incertezas à frente para o mercado de câmbio doméstico, como as eleições presidenciais, mas reforçou que o juro alto no Brasil é um fundamento que não pode ser ignorado pelos investidores.

Até agora em 2022, o dólar acumula queda de 8,7% frente à divisa local.

Na véspera, a moeda norte-americana spot fechou em queda de 1,29%, a 5,0917 reais.

Fonte: Reuters