O dólar tinha alta frente ao real nesta quinta-feira, com agentes do mercado digerindo a indicação do Banco Central, na véspera, de que desacelerará o ritmo de seu ciclo de aperto monetário.

Ao fim de sua reunião de política monetária, após o fechamento dos negócios na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual pela terceira vez consecutiva, a 10,75% ao ano, mas surpreendeu parte do mercado ao indicar uma redução no ritmo de ajuste em março.

O BC manteve, no entanto, o posicionamento de que, diante do aumento de suas projeções de inflação e do risco de desancoragem das expectativas de altas dos preços para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista.

Taxas de empréstimo mais altas no Brasil, são, no geral, vistas como positivas para o real, já que elevam a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico, atraindo mais recursos de investidores estrangeiros.

Mas o comunicado do Copom da véspera foi “mais ‘dovish’ (menos agressivo no combate à inflação) do que o esperado pelo mercado, com o BC vendo uma redução do ritmo na próxima reunião como mais adequada e sinalizando proximidade do fim do ciclo de aperto monetário”, explicou David Beker, chefe de economia no Brasil do Bank of America, em relatório divulgado na noite de quarta-feira.

A expectativa do BofA é de que a Selic seja elevada em mais 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em março, chegando a uma taxa terminal de 11,25% ao ano.

Às 10:17 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,50%, a 5,3025 reais na venda. Na máxima do dia, a moeda foi a 5,3120 reais na venda, alta de 0,68%.

Na B3, às 10:17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,74%, a 5,3360 reais.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse à Reuters que esta sessão pode ser “confusa” no mercado de câmbio, já que, além de refletir surpresa de parte dos mercados com a sinalização de desaceleração por parte do Copom, as operações também acompanhavam a recuperação do dólar no exterior.

O índice da divisa norte-americana contra seis rivais fortes subia 0,1%, depois de cair por três sessões consecutivas, enquanto os pesos mexicano, colombiano e chileno, pares importantes do real, registravam perdas frente ao dólar.

Uma pesquisa da Reuters com estrategistas mostrou que o dólar vai manter sua posição forte por pelo menos mais três a seis meses contra as principais moedas globais, mas será necessária uma mudança significativa nas expectativas do mercado para aumentos de juros pelo Federal Reserve para impulsionar a moeda a patamares mais altos.

O banco central dos EUA já sinalizou claramente que começará a elevar os juros em março, e os mercados monetários precificam cerca de cinco aumentos nos custos dos empréstimos ao longo de 2022.

A moeda norte-americana negociada no mercado interbancário fechou a última sessão com variação positiva de 0,05%, a 5,2759 reais na venda.

Nesta sessão, o BC fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.

Fonte: Reuters