Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda pela segunda sessão consecutiva nesta terça-feira, para abaixo dos 4,90 reais, com as cotações refletindo o recuo da moeda norte-americana no exterior, a elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco S&P e a avaliação de que, ainda que o Banco Central siga cortando juros, o país se manterá atrativo ao capital internacional.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8652 reais na venda, em baixa de 0,78%. Este é o menor valor de fechamento em um mês, desde 20 de novembro, quando encerrou em 4,8523 reais. Em dezembro, a moeda norte-americana acumula baixa de 1,02%.

Na B3, às 17:19 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,63%, a 4,8655 reais.

A moeda norte-americana à vista oscilou no território negativo durante toda a sessão. A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária(Copom) do BC, divulgada mais cedo, foi um dos fatores que favoreceram o movimento.

Nela, o BC corroborou a expectativa majoritária de que o colegiado promoverá pelos menos mais dois cortes de 0,50 ponto percentual da Selic em seus próximos encontros, em janeiro e março. Profissionais do mercado avaliaram que o documento não deixou margem para aceleração dos cortes para 0,75 ponto percentual.

Na prática, a visão é de que, apesar dos cortes, a Selic — atualmente em 11,75% ao ano — seguirá em níveis elevados, mantendo o Brasil competitivo em termos de diferencial de juros, o que favorece a atração de capital.

Esta avaliação é reforçada pelas apostas de que o Federal Reserve iniciará seu ciclo de cortes de juros em março. Na sessão desta terça-feira, os rendimentos do título norte-americano de dez anos — referência global de investimentos — voltaram a ceder em função desta perspectiva, o que fazia o dólar cair ante a maior parte das demais divisas.

“A ata não disse nada demais, continuou indicando queda da Selic, mantendo o ritmo de 50 pontos-base de cortes até meados do ano que vem”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. “Como o Fed vai cortar juros também, o Brasil não vai ter problema de diferencial de juros”, acrescentou.

Durante a tarde, o dólar renovou as cotações mínimas da sessão após a agência de classificação de risco S&P elevar a nota de longo prazo do Brasil para “BB”, de “BB-“. A agência afirmou que a aprovação da reforma tributária estende o histórico de implementação de “políticas pragmáticas” no país nos últimos sete anos.

Porém, a nota brasileira segue em território especulativo, dois degraus abaixo do chamado grau de investimento. A S&P informou que a perspectiva para a nota é estável.

“(A elevação da nota do Brasil é) ótima notícia, apesar das ressalvas que a agência coloca, de que o progresso fiscal ainda é lento, senão a nota poderia até melhorar mais, e se a questão fiscal se deteriorar, eles podem diminuir a nota”, disse Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.

Na cotação mínima do dia, às 15h32, o dólar marcou 4,8509 reais (-1,07%), para depois fechar em nível um pouco mais elevado.

No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em baixa ante uma cesta de divisas fortes e em relação à maior parte das demais divisas.

Às 17:19 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,30%, a 102,180.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.

Fonte: Reuters

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