Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -Após oscilar em margens estreitas durante a maior parte da sessão, o dólar consolidou a queda ante o real no meio da tarde desta segunda-feira, com agentes do mercado citando, para justificar o movimento, a entrada de moeda no Brasil e o leve viés de baixa da divisa norte-americana também no exterior.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9033 reais na venda, em baixa de 0,70%. Em dezembro, a moeda norte-americana acumula queda de 0,25%.

Na B3, às 17:36 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,73%, a 4,9030 reais.

Pela manhã, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 4,9525 reais (+0,30%) às 10h28, em meio a uma visão mais pessimista sobre o momento em que o Federal Reserve iniciará o processo de cortes de juros nos EUA.

Na última sexta-feira, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, já havia atuado para conter as apostas de que o os cortes começarão já em março, ao afirmar que a instituição não trata do assunto no momento.

Nesta segunda-feira, em entrevista ao Financial Times, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse que os mercados financeiros se adiantaram “um pouco” ao banco central sobre quando haverá cortes de juros.

Já o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou em entrevista à CNBC que o rápido aumento das apostas do mercado financeiro de que o banco central reduzirá a taxa de juros em breve está em desacordo com o funcionamento do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsável pela decisão sobre juros.

“A alta do dólar ante o real pela manhã foi um pouco reflexo das indicações de autoridades do Fed de que ainda é cedo para comemorar a queda da inflação e de que o mercado está apostando numa queda de juros mais acentuada do que vai acontecer”, avaliou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

A divisa dos EUA, no entanto, não teve fôlego para aprofundar os ganhos e se reaproximou da estabilidade ainda pela manhã, oscilando em leve baixa em alguns momentos.

No meio da tarde, o dólar intensificou as perdas ante o real e chegou a oscilar abaixo dos 4,90 reais. Às 15h35, marcou a mínima de 4,8908 reais (-0,95%).

Dois profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que o aprofundamento da queda do dólar ante o real ocorreu em função da entrada de moeda no país, com parte dos estrangeiros atuando na Bolsa — o Ibovespa chegou a sustentar ganhos próximos de 1%.

Além disso, segundo eles, a queda do dólar estava em sintonia com o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes no exterior, como o peso mexicano e o peso colombiano.

O dólar index — que compara a divisa dos EUA com outras moedas fortes — também apresentava leves perdas durante a tarde.

Às 17:36 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,07%, a 102,550.

Para o restante da semana, investidores seguirão atentos aos desdobramentos da agenda legislativa em Brasília e à bateria de dados econômicos a serem divulgados nos EUA — entre eles, dados do setor de construção na terça-feira, números de confiança do consumidor na quarta-feira e a revisão final do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre.

No Brasil, o foco será a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano na terça-feira e o Relatório de Inflação na quinta-feira, ambos do Banco Central.

Além disso, profissionais têm lembrado que esta será a última semana “completa” de funcionamento para o câmbio, já que após o Natal haverá apenas quatro dias úteis até o encerramento do ano para o mercado — período em que a liquidez também tende a ser mais baixa.

Por isso, alguns agentes não descartam certa pressão “compradora” de dólares nos próximos dias, com alguns fundos e multinacionais ainda buscando divisas para remeter ao exterior na virada do ano.

Na manhã desta segunda-feira, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.

(Edição de Isabel Versiani)

Fonte: Reuters

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