O dólar à vista recuou mais de 1% nesta quarta-feira e voltou a encerrar uma sessão abaixo dos 5 reais no Brasil, com as cotações acompanhando a queda da moeda dos EUA no exterior em meio a alívio nas taxas de juros dos títulos norte-americanos, em dia de decisão de política monetária no Fed e também no Banco Central do Brasil.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9731 reais na venda, em baixa de 1,34%. Este foi o maior recuo percentual em um único dia desde 10 de outubro, quando o dólar caiu 1,47%. A cotação de fechamento desta quarta-feira é a menor desde 25 de setembro, quando a divisa dos EUA encerrou a 4,9669 reais.

Na B3, às 17:15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,36%, a 4,9865 reais.

A moeda norte-americana à vista oscilou em queda no Brasil durante praticamente toda a sessão. Às 9h06, ela marcou a cotação máxima de 5,0464 reais (+0,12%), mas rapidamente migrou para o negativo em sintonia com o exterior.

Lá fora, o dólar também cedia ante boa parte das divisas de países emergentes e exportadores de commodities em função da queda dos rendimentos dos Treasuries.

O movimento era motivado por novos dados sobre a economia norte-americana: o Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrou que foram abertos 113.000 empregos em outubro no setor privado, ante 89.000 empregos adicionados em setembro. Apesar da aceleração na margem, economistas consultados pela Reuters previam a criação de 150.000 postos de trabalho em outubro.

Os números do ADP contribuíram para uma percepção mais positiva sobre o controle da inflação nos EUA, o que pesou sobre os yields e sobre o dólar.

Além disso, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou planos para aumentar o tamanho de seus leilões de dívida, mas “gradualmente”, em movimento que não pressionou os mercados como em um anúncio anterior.

“O Tesouro dos EUA mudou as emissões, pressionando menos a parte longa da curva (de juros norte-americana). E tivemos os dados da economia. Isso ajudou a retirar parte da pressão da curva”, comentou Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset.

Durante a tarde, a decisão de política monetária do Federal Reserve ampliou o viés de baixa para a curva de juros norte-americana. O Fed anunciou a manutenção de sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, como esperado, mas deixou a porta aberta para outro aumento no futuro, se necessário.

Ao mesmo tempo, destacou as condições financeiras mais restritivas enfrentadas pelas empresas e pelas famílias — o que está em sintonia com a leitura de que o avanço dos yields pode já estar atuando para controlar a inflação no EUA, dispensando novas elevações de juros.

“A avaliação é de que a subida recente dos (rendimentos dos títulos de) 10 anos, de alguma forma, traz um aperto adicional nas condições financeiras e ajuda no serviço de controle (da inflação nos EUA). A consequência disso é que moedas estão se fortalecendo ante o dólar no resto do mundo”, pontuou Lima, ao avaliar os efeitos da comunicação do Fed sobre a relação entre dólar e real.

Após a decisão do Fed, o dólar renovou mínimas ante a divisa brasileira. Às 16h32, o dólar à vista marcou a mínima de 4,9684 reais (-1,43%).

O recuo esteve em sintonia com o dólar index — que reflete a relação da divisa norte-americana ante outras moedas fortes e, após o Fed, zerou os ganhos registrados ao longo do dia.

Às 17:15 (de Brasília), o índice do dólar operava estável, a 106,670.

No fim da tarde, os agentes de mercado aguardavam pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para depois das 18h30. A expectativa é de que o BC corte a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, de 12,75% para 12,25% ao ano, em sintonia com as comunicações mais recentes da autarquia.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de janeiro.

Fonte: Reuters

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