O dólar devolveu ganhos iniciais que o levaram acima de 5,40 reais e operava em leve baixa nesta quarta-feira, acompanhando alívio pontual no apetite por risco global, mas investidores ainda não abandonaram o medo de que aumentos de juro muito agressivos nas principais economias levem a uma recessão global.

Às 10:20 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,19%, a 5,3670 reais na venda, depois de mais cedo chegar a subir 0,88%, a 5,4243 reais, nível não visto desde o dia 25 de julho.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,29%, a 5,3690 reais.

O arrefecimento da moeda norte-americana acompanhava alívio pontual no exterior, onde um índice do dólar contra seis rivais fortes rondava estabilidade depois de mais cedo saltar a uma nova máxima em duas décadas, em alta de 0,5%.

Também houve melhora nos mercados de ações, com as bolsas europeias e os futuros de Wall Street se afastando das mínimas do dia, enquanto os rendimentos dos títulos norte-americanos passaram a cair nesta manhã, pausando uma disparada que levou a taxa de dez anos acima de 4% nesta quarta-feira.

Mesmo assim, investidores advertiam que esse alívio provavelmente se mostrará passageiro e continuavam mostrando cautela em relação aos fatores que provocaram uma debandada nos mercados de ações e outros ativos arriscados nos últimos dias.

Entre eles, a perspectiva de forte aperto monetário pelos bancos centrais das principais economias, uma crise energética na Europa e o anúncio de um polêmico pacote fiscal no Reino Unido.

“Tudo isso está se juntando numa bola de neve que gera medo de recessão global, então o dólar ainda tende a se fortalecer muito” no mundo inteiro, disse à Reuters Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital. A moeda norte-americana é considerada aposta segura em tempos de turbulência econômica ou geopolítica.

Izac afirmou que os movimentos do mercado de câmbio doméstico podem ser influenciados por declarações de autoridades do Federal Reserve ao longo dos próximos dias. Sinalizações inclinadas à manutenção de um ritmo agressivo de aperto monetário –depois que o Fed subiu sua taxa de juros em 3 pontos percentuais desde março deste ano– tendem a favorecer o dólar, disse ele.

No Brasil, colaborava para a cautela a aproximação das eleições presidenciais de domingo. Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira mostrou variação de 3 pontos para cima da vantagem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sobre o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), com a dianteira do petista agora em 13 pontos percentuais no primeiro turno.

Apesar do ambiente externo desafiador, Izac avaliou que o real tem mostrado performance superior à de vários pares nas últimas semanas, “porque nossa economia tem se saído bem, a inflação está relativamente controlada e temos sido alvo de investidores estrangeiros sempre que o sentimento de risco global tem momentos de alívio”.

A moeda norte-americana spot fechou a última sessão com variação negativa de 0,04%, a 5,3772 reais na venda.

O dólar sobe 3,20% frente ao real até agora em setembro, mas acumula baixa de 3,70% no ano.

Fonte: Reuters