O dólar firmava queda frente ao real em segunda-feira de agenda esvaziada, com investidores no aguardo da primeira reunião no novo governo do Conselho Monetário Nacional (CMN) e de entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em meio a especulações sobre possível alteração nas metas de inflação do país.

Às 9h53 (horário de Brasília), o dólar à vista caía 0,41%, a 5,1994 reais na venda, acelerando suas perdas depois de abrir perto da estabilidade. Segundo participantes do mercado, o real estava sendo beneficiado pela agenda de indicadores econômicos fraca da sessão.

Na B3, o dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,25%, a 5,2190 reais.

O encontro do CMN, órgão responsável por definir os objetivos oficiais de inflação, está agendado para quinta-feira. A reunião virá depois de notícias de que a equipe econômica do governo estaria estudando antecipar uma revisão das metas de inflação do país e possivelmente elevar o alvo a ser buscado pelo Banco Central, com boatos de que o presidente da autarquia, Campos Neto, aceitaria a mudança.

Embora as metas de inflação oficiais do país sejam comumente definidas na reunião de junho do CMN, nada impede que os objetivos sejam alterados já no encontro desta semana.

Caso o Banco Central concorde com alterações já na quinta-feira, investidores poderiam interpretar isso como fraqueza diante da pressão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem formado um coro insistente para reclamar do patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, e questionar a autonomia da autarquia.

Em meio a algum nervosismo do mercado antes da reunião, Campos Neto dará entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que irá ao ar a partir das 22h desta segunda-feira. O Banco Inter disse em nota que o mercado aguarda “seus comentários sobre os recentes ataques de Lula à sua pessoa e ao Bacen”.

Enquanto isso, no exterior, o dólar alternava estabilidade e leve queda contra uma cesta de pares fortes, com investidores do mundo inteiro no aguardo de uma leitura de inflação norte-americana prevista para terça-feira, que pode oferecer mais pistas sobre a trajetória de aperto monetário do Federal Reserve.

“Um dado mais forte poderá desencadear uma nova rodada de valorização do dólar e, por consequência, desvalorização das demais moedas emergentes”, alertou Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital. Isso porque uma inflação ainda pressionada nos EUA justificaria mais aumentos de juros por parte do Fed, o que tenderia a atrair recursos para o mercado de renda fixa norte-americano, aumentando a demanda por dólares.

Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista caiu 0,98%, a 5,2220 reais na venda, maior queda percentual diária desde 25 de janeiro (-1,21%).

Fonte: Reuters