O dólar passou a subir frente ao real nesta terça-feira, conforme investidores digeriam dados mais fracos do que o esperado do IPCA-15 de julho, que corroboraram expectativas de queda da Selic, enquanto o mercado segue à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve desta semana.

Às 10:37 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,27%, a 4,7454 reais na venda.

Na B3, às 10:37 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,35%, a 4,7490 reais.

O IPCA-15 registrou deflação em julho pela primeira vez em dez meses diante do recuo nos preços da energia elétrica, com a inflação em 12 meses no menor nível em quase três anos e abaixo do centro da meta, em um resultado que deve dar uma direção mais clara ao Banco Central sobre o tamanho e velocidade do provável afrouxamento monetário a ser iniciado em agosto.

Na esteira dos dados, as taxas dos contratos futuros de juros continuavam a precificar chances majoritárias (66%) de o Banco Central cortar a Selic em 0,50 ponto percentual no início do próximo mês, com os 34% restantes prevendo ajuste menos intenso, de 0,25 ponto.

O nível atual dos juros, de 13,75%, é apontado como um apoio para o real ao torná-lo mais atraente para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de custos de empréstimo entre economias.

Ainda assim, “juntando a alta recente das commodities, o ‘carry trade’ ainda é extremamente atrativo e deve fazer com que o real teste níveis mais baixos, encarando uma tendência a curto prazo de queda” mesmo que o BC comece a cortar a Selic, disse Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX.

Ele chamou a atenção para o avanço do índice do dólar contra uma cesta de pares fortes nesta manhã como um dos catalisadores para o movimento do mercado de câmbio local, citando expectativas pela reunião do Fed, que se encerra na quarta-feira.

“Começa a reunião de dois dias do Fed… e dados mistos ainda apontam uma elevação de 25 pontos-base nas taxas de juros por lá, seguida por uma pausa prolongada e expectativa de consenso de mercado de que uma nova flexibilização, um novo corte de juros, venha a ocorrer a partir de março de 2024”, avaliou Riauba.

Se esse cenário de pausa no aperto monetário do Fed após julho se confirmar, a tendência é o dólar se enfraquecer globalmente, uma vez que investidores provavelmente realocariam recursos em mercados mais rentáveis que os dos EUA. Mas, num geral, isso já está precificado, e agentes financeiros não esperam impacto muito expressivo.

“As comunicações do Fomc de julho não devem surpreender materialmente os mercados de juros ou de câmbio”, disse o Bank of America em relatório a clientes nesta terça. “É improvável que seja um grande evento de definição de tendência para o dólar.”

Fonte: Reuters