O dólar devolveu parte de suas perdas iniciais e passava a alternar estabilidade e leve queda frente ao real nesta quarta-feira, conforme investidores aguardam as decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.

Às 9:48 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,01%, a 5,0458 reais na venda. A moeda mostrava alguma instabilidade, o que alguns operadores atribuíam à agenda carregada da semana.

Na B3, às 9:48 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,1%, a 5,0735 reais.

O Federal Reserve deve elevar nesta quarta-feira sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. A decisão de política monetária será divulgada às 15h (de Brasília), e será seguida de coletiva de imprensa com o chair da instituição, Jerome Powell.

“A dúvida é se o BC americano vai ou não sinalizar o fim do ciclo de juros” já nesta reunião, disse Guilherme Esquelbek, analista da Correparti Corretora.

Caso se confirme o fim do aperto monetário nos EUA, isso pode deixar o dólar sob pressão global. No entanto, investidores alertavam para outros riscos, como sinais de dificuldades no setor bancário e o impasse sobre o teto da dívida norte-americana, como fatores que podem sustentar o apetite pela segurança da divisa norte-americana.

No Brasil, há ampla expectativa de que o BC manterá a taxa Selic nos atuais 13,75%, enquanto aguarda uma prova inequívoca de desinflação antes do possível início de um ciclo de flexibilização no terceiro trimestre.

“Esperamos que o Copom mantenha a comunicação de que se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manter os juros por mais tempo garantirá a convergência da inflação, além de reiterar que não hesitará em retomar o ciclo de aperto caso o processo desinflacionário não não evolua como esperado”, disse o Citi em relatório desta quarta-feira.

O nível elevado da Selic tem ajudado a sustentar o real, uma vez que deixa a moeda atraente para uso em estratégias de “carry trade” — a tomada de empréstimo em país de juros baixos e aplicação desses recursos em mercado mais rentável.

Analistas têm dito que eventuais cortes da taxa Selic não necessariamente derrubariam o valor da divisa local, desde que fossem realizados de forma gradual e consistente com uma redução da inflação, de forma que os rendimentos reais não sofressem uma queda brusca. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o BC constantemente por uma redução nos custos dos empréstimos.

Enquanto isso, em segundo plano, ficava o noticiário político doméstico, que voltou a provocar ruídos. A Polícia Federal cumpre nesta quarta-feira mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília no âmbito de operação para investigar inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas da Saúde. Ao menos três auxiliares do ex-presidente foram presos. Bolsonaro confirmou que seu celular foi apreendido.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista subiu 1,15%, a 5,0462 reais na venda.

Fonte: Reuters