O dólar tinha pouca alteração frente ao real nos primeiros negócios desta segunda-feira, em sessão de liquidez global reduzida devido a feriado nos Estados Unidos, com os mercados ainda repercutindo dados de emprego norte-americanos do final da semana passada.

Antes ainda do feriado da Independência do Brasil na quinta-feira, que deve reduzir os volumes de negociação ao longo da semana, às 9:56 (horário de Brasília) o dólar à vista recuava 0,01%, a 4,9400 reais na venda.

Na B3, às 9:56 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,11%, a 4,9595 reais.

Por trás da oscilação tímida do dólar, vários operadores e participantes do mercado apontavam para uma agenda macroeconômica esvaziada tanto no Brasil quanto no exterior.

“Nesta curta semana, os mercados de câmbio podem ser relativamente calmos em preparação para os eventos esperados no final de setembro, como as reuniões dos principais bancos centrais”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury. “Os dados macroeconômicos (desta semana) são, em sua maioria, de segunda linha e não devem ter efeitos dramáticos sobre as moedas.”

Na cena global, os mercados continuavam repercutindo dados dos Estados Unidos de sexta-feira que mostraram um aumento na taxa de desemprego para 3,8% e moderação no crescimento dos salários, apontando para um arrefecimento das condições do mercado de trabalho norte-americano, apesar de uma leve aceleração na criação de vagas de emprego.

“Esse afrouxamento (no mercado de trabalho dos EUA) parece ser exatamente o que os membros do Fed queriam ver e concordamos com os mercados em não esperar um aumento (de juros) durante a reunião de setembro”, disse Moutinho, acrescentando que “o calendário de dados desta semana é extremamente leve e poucos deles seriam relevantes o suficiente para mudar essa narrativa”.

Custos de empréstimos mais elevados nos EUA tendem a impulsionar os rendimentos dos Treasuries e, consequentemente, manter o dólar em patamares fortes a nível global, conforme investidores migram seus investimentos em renda fixa para a maior economia do mundo. Da mesma forma, indícios de que o banco central norte-americano abrandará sua postura no combate à inflação costumam impulsionar divisas emergentes de maior rentabilidade, como o real.

No Brasil, “após um PIB acima das expectativas divulgado na semana passada, as previsões do boletim Focus dessa semana para a economia foram elevadas para esse ano, porém o tema fiscal ainda deverá estar presente e poderá refletir nos movimentos do mercado” ao longo da semana, disse Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX.

Os analistas consultados pelo BC na pesquisa semanal Focus veem agora um crescimento de 2,56% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, contra 2,31% na semana anterior. A revisão se dá na esteira de uma expansão acima do esperado de 0,9% entre abril e junho na comparação com o trimestre anterior, de acordo com os dados divulgados na sexta pelo IBGE, resultado que apoiou os ativos brasileiros.

No entanto, há um “sentimento misto dos investidores em torno do novo Orçamento de 2024”, disse Moutinho, da Ebury. “A presunção de zerar o déficit no próximo ano com o aumento das receitas parece difícil de acreditar”.

Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9405 reais na venda, com baixa de 0,24%.

Fonte: Reuters