Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista fechou a sexta-feira em queda firme ante o real no Brasil, numa sessão em que dados fracos do setor de serviços norte-americano ofuscaram números fortes do aguardado relatório “payroll”, sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8720 reais na venda, em baixa de 0,72%. Na primeira semana do ano, no entanto, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,42%.

Na B3, às 17:42 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,43%, a 4,8930 reais.

Pela manhã, o Departamento do Trabalho norte-americano divulgou os números do relatório payroll, bastante aguardados pelos investidores. Eles revelaram a criação de 216.000 vagas de emprego em dezembro nos EUA, bem acima das 170.000 vagas projetadas por economistas consultados pela Reuters.

Já os dados de novembro foram revisados para baixo, mostrando a criação de 173.000 postos de trabalho, em vez dos 199.000 informados anteriormente.

Os números do payroll impulsionaram os rendimentos dos títulos norte-americana e, em paralelo, o dólar ante as demais divisas, em meio à percepção de o mercado de trabalho aquecido ainda é uma preocupação para o controle inflacionário, o que pode levar o Federal Reserve a não iniciar o ciclo de corte de juros já em março, como vem sendo majoritariamente precificado.

No Brasil, o dólar atingiu a cotação máxima de 4,9410 reais (+0,69%) às 10h31, logo após a divulgação do payroll.

O cenário mudou após o Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informar, às 12h, que seu PMI de serviços caiu para 50,6 no mês passado, a menor leitura desde maio, ante 52,7 em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice ficaria em 52,6. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia.

Bastante observada, a medida de emprego do setor de serviços da pesquisa ISM caiu para 43,3 no mês passado, o nível mais baixo desde julho de 2020. O índice estava em 50,7 em novembro.

Com os números do PMI de serviços, os rendimentos dos títulos norte-americanos perderam força, o que também se refletiu no enfraquecimento do dólar ante diversas divisas.

No mercado doméstico, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 4,8605 reais (-0,95%) às 12h11, já após os dados de serviços nos EUA.

No restante da tarde, o dólar se manteve em queda firme ante o real, apesar de sustentar altas ante diversas divisas de países exportadores de commodities e emergentes.

“Está virando consenso que o dólar não deveria estar na casa dos 4,90 ou 4,80 (reais). Nos últimos dias, estamos vendo compradores para o real, principalmente estrangeiros, o que deve levar a moeda (dólar) para baixo”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research.

À tarde, projeções da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) sugeriram que, em 2024, o país continuará a receber um volume substancial de dólares pela via comercial, o que em tese favorece o equilíbrio das contas externas e contribui para cotações mais baixas para a moeda norte-americana.

No ano passado, a balança comercial acumulou superávit de 98,838 bilhões de dólares, resultado de exportações de 339,673 bilhões de dólares e importações de 240,835 bilhões de dólares, conforme a secretaria.

Para 2024, o governo projeta um recuo de 4,5% no saldo comercial, para valor ainda robusto de 94,4 bilhões de dólares. A projeção da Secex é de que as exportações brasileiras este ano atinjam 348,2 bilhões de dólares, um valor 2,5% superior ao visto em 2023, enquanto as importações devem somar 253,8 bilhões de dólares, 5,4% acima do visto no ano passado.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.

Às 17:42 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,03%, a 102,460.

(Edição de Isabel Versiani)

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