O dólar tinha queda nesta segunda-feira, indo abaixo dos 5,40 reais, acompanhando melhora no apetite por risco internacional diante de moderação nas apostas sobre a magnitude do aperto monetário do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, e perspectiva de mais estímulos econômicos na China.

Às 10:29 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,45%, a 5,3814 reais na venda, depois de mais cedo chegar a cair 0,75%, a 5,3655 reais. Caso mantenha o desempenho observado nesta manhã até o fim das negociações, a moeda norte-americana fechará abaixo dos 5,40 reais pela primeira vez em uma semana.

Na B3, às 10:29 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,57%, a 5,4005 reais.

“A gente está vendo uma inclinação a ativos de risco hoje que está beneficiando o Brasil e todas as outras economias dependentes de commodities, depois de muitos dias de aversão a risco lá fora com o temor de uma recessão global; a gente está tendo uma trégua”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, chamando a atenção para uma agenda doméstica esvaziada.

O dólar tinha fraqueza internacional nesta manhã, perdendo 0,27%, a 107,550, contra uma cesta de rivais de países ricos, afastando-se de uma máxima em 20 anos atingida na semana passada. O euro tinha alta no dia, negociado acima da paridade em relação à divisa dos EUA, enquanto a maioria das moedas emergentes ou sensíveis às commodities também registrava ganhos.

A retração global do dólar teve início no final da semana passada, depois que autoridades do Federal Reserve sinalizaram que não são a favor de acelerar ainda mais o ritmo de alta dos juros.

O diretor do banco central norte-americano Christopher Waller e o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, defenderam elevação de 0,75 ponto percentual nos custos dos empréstimos em sua reunião de política monetária da semana que vem, em vez do 1 ponto completo que alguns participantes começaram a temer.

Contratos futuros de juros precificavam apenas 20% de chance de uma alta de 1 ponto percentual no encontro de julho do banco central –cenário que chegou a ser considerado o mais provável em certo ponto da semana passada, depois que dados de inflação norte-americanos surpreenderam para cima.

Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se beneficiar, tanto pelo aumento da atratividade da renda fixa norte-americana quanto por movimentos de fuga para a segurança, já que um aperto monetário agressivo demais traria o risco de sufoco da economia, podendo desencadear uma recessão.

A melhora no humor dos mercados internacionais no dia –com as ações estendendo recuperação e os preços do petróleo e outras commodities subindo–, também era alimentada por notícias vindas da China, onde reguladores encorajaram credores a conceder empréstimos a projetos imobiliários qualificados e o presidente do banco central do país prometeu aumentar a implementação de uma política monetária prudente para sustentar a economia.

Estrategistas da Travelex, no entanto, disseram em nota que temores econômicos globais continuam no radar, e chamaram a atenção para a agenda da semana, que contará com reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que deve elevar os juros pela primeira vez desde 2011, mesmo diante da ameaça de recessão.

O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão em queda de 0,49%, a 5,4059 reais.

Fonte: Reuters