O dólar à vista emplacou nesta quarta-feira a terceira sessão consecutiva de ganhos, encerrando acima dos 5 reais pela primeira vez desde junho, com as cotações refletindo a percepção de que os juros nos EUA ficarão altos por mais tempo e em meio a dúvidas sobre o equilíbrio fiscal no Brasil.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0479 reais na venda, em alta de 1,17%. Esta é a primeira vez que a divisa encerra acima dos 5 reais desde 1º de junho deste ano, quando valia 5,0069 na venda.

Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,15%, a 5,0490 reais.

O dólar à vista oscilou em alta durante praticamente todo o dia. No início da sessão, às 9h01, marcou a cotação mínima de 4,9876 reais (-0,04%), para depois escalar patamares cada vez mais elevados.

Por trás do movimento estava novamente o exterior, onde o dólar subia ante a maioria das demais divisas, em meio à perspectiva de que o Federal Reserve poderá manter juros altos por mais tempo.

Desde o dia 20, quando o Fed anunciou a manutenção de sua taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50%, mas projetou novo aumento de juros até o fim de 2023 e uma política monetária mais apertada durante 2024, os mercados globais vêm se ajustando.

“Hoje (quarta-feira) tivemos uma declaração de dirigente do Fed reforçando isso, de que possivelmente os juros possam subir ainda mais, que talvez não seja apenas uma pausa”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

Pela manhã, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse ainda não estar claro se o banco central já terminou de aumentar os juros. Em entrevista à CNBC, Kashkari afirmou que não está pronto para dizer que a taxa de juros foi elevada o suficiente para que a inflação norte-americana volte à meta de 2%.

“Além das declarações, um movimento técnico ajudou bastante na alta do dólar, quando a moeda bateu nos 5 reais”, acrescentou Rugik.

Operador ouvido pela Reuters confirmou que quando o dólar para outubro oscilou em torno de 5 reais foram disparadas ordens de stop loss (parada de perdas), com alguns investidores reduzindo posições vendidas (no sentido de baixa para o dólar) no mercado futuro.

Como o mercado futuro é o mais líquido no Brasil, o movimento ampliou os ganhos do dólar também no segmento à vista. Às 14h27, a moeda à vista marcou a máxima de 5,0800 reais (+1,81%).

Para o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, a alta do dólar no Brasil reflete duas conjunturas desfavoráveis: em primeiro lugar, a percepção de que os juros dos EUA ficarão elevados; em segundo, os ruídos fiscais mais recentes.

“Existe um temor do mercado de que o governo não consiga entregar o déficit primário zero ano que vem, que ele prometeu. Creio que esse valor mais puxado (para o dólar) pode perdurar por algum tempo”, pontuou, em comentário a clientes.

No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em alta ante a maior parte das divisas.

Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,45%, a 106,690.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de novembro.

Fonte: Reuters

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