O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% no terceiro trimestre de 2020 (comparado ao segundo trimestre de 2020), na série com ajuste sazonal, divulgou nesta quinta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação a igual período de 2019, o PIB caiu 3,9%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve queda de 3,4% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Confira o que disseram os economistas:
Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo: “O resultado do acumulado nos últimos quatro trimestres, de -3,4%, embora ainda negativo, aponta que a queda vem diminuindo e o ano deve fechar com um número ‘menos ruim’ do que aquele projetado inicialmente, algo em torno de 3%. É de se esperar que em 2021 possamos recuperar um pouco deste resultado negativo e tenhamos números positivos em torno de 4%. Sempre levando em conta que a base de 2020 é fraca.”
Patricia Krause, economista da Coface para América Latina: “A divulgação do PIB do terceiro trimestre de 2020 mostrou uma alta de 7.7% na comparação trimestral e queda de 3.9% contra o terceiro trimestre de 2019. Por fim, o nível de atividade em T3 2020 foi ainda 4.1% inferior ao patamar do T4 2019. O resultado veio um pouco abaixo do esperado, porém ainda assim mostra uma recuperação econômica mais forte do que em países vizinhos e melhor do que esperada no começo da crise. Dados preliminares do quarto trimestre (como produção industrial, dados do setor automotivo e de confiança) indicam que a economia continua se recuperando, no entanto, as incertezas para 2021 seguem elevadas por conta da evolução do vírus, do começo da vacinação e da situação fiscal.”
Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest: “O PIB do 3T20 cresceu 7,7% em relação ao trimestre anterior, após a forte queda no 2T20 (-9,6%) quando tivemos o auge das medidas de isolamento social. Contudo, esse número veio abaixo das expectativas dos analistas de mercado, que esperavam cerca de +10% de crescimento. Desta forma, a primeira impressão é que houve uma recuperação da atividade somente parcial, muito pautada ainda pela lentidão do setor de serviços, que como sempre dizemos é o maior peso do PIB e nesta crise o foco da paralisia. Interessante notar que, ao olhar os subsetores de serviços, se consagra o que já era observado em pesquisas mensais. Por exemplo, o comércio, que bebeu muito da fonte do auxílio emergencial, já voltou a níveis pré-crise, o mesmo com as instituições financeiras que se apropriaram da melhor condição de liquidez. Por outro lado, os outros subsetores de serviços como serviços de informação, outros serviços como saúde e educação pública estão muito aquém do patamar pré-crise. O crescimento de 7,7% do PIB brasileiro no terceiro trimestre é significativo e pode entusiasmar numa leitura fria, ancorada na análise da recuperação em “V”. No entanto, aos olhos dos especialistas ficou aquém da expectativa. Com uma base de comparação baixa, pois o segundo trimestre somatizou os efeitos devastadores do “lockdown”, não havia dúvidas sobre o movimento de recuperação.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos: “A questão paira sobre os trimestres subsequentes e se a manutenção de uma velocidade razoável da recuperação econômica estaria dependente da extensão do auxílio emergencial. Teoricamente a forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito deveriam pavimentar o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais. Mas, há dúvidas sobre o capital política para pavimentar um caminho saudável. No trimestre posterior ao pior momento da crise do coronavírus, com a normalização das atividades econômicas, o comércio (15,9%) beneficiou a recuperação do setor de serviços (6,3%), junto com transportes (12,5%) por causa do escoamento dos produtos da indústria, o que também leva ao diagnóstico da preferência da população por bens em detrimento dos serviços. A indústria de transformação cresceu 23,5%. Para o quarto trimestre, o PIB deve crescer 2,0% na margem e acumular queda ao redor de 4,5% no ano, indústria e comércio seguirão como protagonistas. Devemos retomar nível de atividade econômica pré-pandemia no quarto trimestre de 2021, com crescimento ao redor de 3,4%.”
Fonte: Assessoria de Imprensa