Os prejuízos causados pelo furacão Ida no estado de Louisiana – além de outros estados – continuam sendo contabilizados e para os terminais de grãos ao longo do rio Mississippi não é diferente. Assim, além dos estragos já relatados pela Cargill em sua estrutura em Westwego, mais empresas começam agora a registrar suas perdas e como isso tem afetado suas operações. Enquanto isso, os prêmios para os grãos norte-americanos continuam explodindo no Golfo do México, uma vez que as exportações dos EUA permanecem comprometidas e sem uma previsão certa de retomada da normalidade.

De acordo com uma notícia trazida na quarta-feira (2) pela Reuters Internacional, a Cargill informou danos também em suas instalações em Reserve, também na Louisiana. Além disso, os serviços de defesa do estado relatam que várias barcaças e barcos afundaram no baixo Mississippi, enquanto outros canais foram obstruídos. Há diversos trechos do rio que ainda estão fechados por conta dos detritos e das situações de perigo ainda são iminentes.

Além da Cargill, a CHS já informou também que tem desviado seus embarques agendados para o próximo mês pelo seu terminal no Pacífico Norte, já que o furacão comprometeu sua linha de transmissão com a instação que possui na Costa do Golfo. “As melhores estimativas de quando a energia será restaurada no terminal estão na faixa de duas a quatro semanas”, disse John Griffith, vice-presidente executivo da CHS Global Grain & Processing, à Reuters.

Bunge e ADM também seguem levantando os prejuízos.

Todas as tradings e transportadoras seguem sem energia depois da passagem do Ida. E esse quadro ainda pode levar semanas para ser revertido.

Um levantamento feito pela Bloomberg, não chegou a qualquer elevador de grãos na costa do Mississippi desde o último dia 30 e os representantes do mercado estão agora buscando alternativas para mitigar os impactos da destruição causada pelo furacão. Uma delas seria migrar algund volumes para ferrovias, na tentativa de retomar, pelo menos, o fluxo de uma parte dos negócios, levando os grãos a elevadores menos utilizados, especialmente os que estão no noroeste do Pacífico.

Os números apurados pela agência internacional mostram ainda que 44,3 milhões de toneladas de soja, milho e trigo partiram do rio Mississippi nos primeiros oito meses de 2021, enquanto somente 19,6 milhões tiveram origem no rio Columbia, com a maior parte destinada aos países do Pacífico. E 86% dos grãos dos EUA foram transportados por embarcações, e o restante por ferrovias e uma pequena parte por contêineres.

“Estamos enviando voluntários e suprimentos para apoiar nossas equipes em campo e estamos trabalhando duro para restaurar as operações o mais rápido possível. Estamos no processo de acessar os danos às nossas instalações. Até agora, não encontramos danos estruturais significativos, mas a energia permanece desligada na área. Teremos uma estimativa para reabertura assim que pudermos determinar o cronograma para a restauração total da energia ou serviço temporário do gerador”, explica a porta-voz da ADM, Jackie Anderson.

Já Daiana Endruweit, gerente global de relações com a mídia da St Louis, Missouri, da Bunge, disse que “não há danos estruturais significativos em nossas instalações, mas elas não estão operando porque não há energia e não recebemos uma estimativa da concessionária sobre quando ela poderá ser restaurada”.

IMPACTO SOBRE OS PREÇOS

Os prêmios para os grãos norte-americanos seguem disparados no Golfo do México diante dos registros de danos pelas estruturas das tradings. No entanto, para o consultor de mercado da Roach AgMarketing, Aaron Edwards, em entrevista ao Notícias Agrícolas, será preciso observar a retomada das operaões em um mês na região, quando a colheita será iniciada, intensificando a oferta no mercado.

“A notícia do furacão já está precificada. Mas as estruturas que foram danificadas precisam estar intactas em um três semanas, mês para toda a soja comprometida ser escoada. Se vai dar tempo? Essa é a pergunta que pode mexer com o mercado”, diz.

Do mesmo modo, a China segue precisando comprar mais volumes da oleaginosa para atender às suas empresas processadoras, que seguem com sua cobertura curta e frente a um momento de vendas fortes de farelo no país. Agosto terminou com um volume recorde de vendas de 5,7 milhões de toneladas.

Assim, “a China está comprando soja no Pacífico, mas por lá a capacidade é limitada, 60% sai pelo Golfo. E aqui no Brasil não há muita soja, os produtores não querem ofertar, e o produto por aqui está ficando muito caro para os chineses. Então, a China está entre a cruz e a espada. Ou compra uma soja muito cara que vai dar margem negativa ou espera até resolver esse problema nos EUA. Mas, não pode esperar muito porque precisa atender aos contratos internos de farelo”, explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities.

Fonte: Notícias Agrícolas