O domingo, 18 de outubro, amanheceu com os setores do agronegócio e cooperativismo brasileiro lamentando a passagem de um dos seus grandes e expoentes líderes. O engenheiro agrônomo Mário Lanzanster, presidente da Aurora Alimentos lutava contra um câncer há 2,5 anos.

As honras fúnebres foram prestadas no Ginásio de Esportes da unidade Frigorífico Aurora II (FACH II), à Rua Antonio Morandini, no Bairro SAIC, em Chapecó – SC, durante todo o domingo.

Lanznaster, um líder ímpar

O engenheiro agrônomo Mário Lanznaster foi o sucessor de Aury Bodanese na presidência da Cooperalfa. Assumiu a cooperativa em 1997. Antes, foi diretor industrial da Aurora Alimentos, onde ingressou em 1974 com a missão de organizar o sistema de integração. Dizia ele que a história das duas cooperativas se misturam. E, foi em ambas, que ele escreveu a sua trajetória.

Participou de momentos importantes da Cooperativa Central, como a construção do primeiro frigorífico de aves, em Maravilha no ano de 1987. Aliás, a marca de Lanznaster está em todas as unidades industriais da cooperativa. Em 2007, tornou-se presidente da Aurora. Em 2019, recebeu a ministra da agricultura Tereza Cristina para inaugurar a ampliação do Fach I, que se tornou o maior frigorífico de abate de suínos da América Latina.

Inaugurado o frigorífico em Maravilha em 1987, Aury convidou Mário para atuar na Alfa. Em 1997, assumiu a Cooperalfa e, entre 2007 e 2009 esteve como presidente de ambas as cooperativas. No ano de 2009 foi sucedido por Romeo Bet na presidência da Alfa e passou a dedicar-se apenas ao comando da Aurora.

Líder da Alfa por 12 anos

Lanznaster permaneceu à frente da Alfa por 12 anos. Na presidência, seu maior desafio foi ampliar a indústria de óleo de soja, de 420 para 750/dia. Também presenciou a duplicação da indústria de farinha de trigo e o projeto de segregação. “Houve críticas na época, de que o objetivo da Alfa era vender sementes. Mas não é isso, queremos crescer e que o associado cresça junto”, revelou em entrevista cedida à Assessoria de Imprensa da Cooperalfa no dia 09 de setembro de 2020.

Outras marcas de Mário Lanzasnter como presidente da Alfa: a reestruturação administrativa, a terceirização da frota de quase 200 caminhões, a expansão para o Planalto Norte de SC e ao Extremo-Oeste Barriga-Verde e a criação do Campo Demonstrativo Alfa – CDA, juntamente com a equipe técnica. Lanznaster também fomentou o Conselho de Lideranças na Alfa.

Dedicação

“Vontade de trabalhar”. Assim Lanznaster resume sua história. “Trabalhei sempre por vontade de dar um passo adiante do outro e crescer, não pelo salário”, enfatizou na entrevista.

Lanznaster chegou ao oeste catarinense em 1968, recém formado em agronomia para trabalhar como técnico da Acaresc – hoje Epagri, em Modelo. Sua história no cooperativismo iniciou em 1974, quando ingressou na Aurora para organizar o sistema de integração de suínos. “Comecei a ter contato com a Alfa para organizar o Suicooper III, a Fábrica de Ração, entre outros. Aí conheci o pessoal, o Aury e o Fin, essa turma toda”, recordou. Aury Bodanese, inclusive, foi um dos primeiros integrados.

Na época, a maioria dos suinocultores eram independentes. “Cada um criava seu porco do seu jeito”, afirmou. No início, decidiu-se que a Aurora coordenaria isso, com a instalação de 30 porcas, depois baixou para 21, 15… então, a gente dava assistência para essas propriedades”. Mais tarde, a assistência ficou a cargo das cooperativas filiadas. A Aurora começou o abate em 1973, com 200 suínos/dia. Porém, nem todos os suínos abatidos eram provenientes de associados. “No começo, a Aurora não tinha muita credibilidade, bem diferente do que é hoje”, resgatou.

“Aí começamos a organizar os produtores, trazer genética de fora, melhorar manejo, envolver mais os associados das cooperativas filiadas”, lembrou o líder. Na época, usavam-se quatro ou cinco marcas de rações disponíveis no mercado. “Então, a gente organizou a fábrica de rações que tá aí até hoje. Aos poucos, conseguimos implantar o nosso núcleo, o nosso premix, porque quando se começou exportar carne suína, o comprador quer saber o que esse porco comeu”, afirmou.

A exportação iniciou no fim da década de 1990, para a Rússia e Hong Kong principalmente. “Bem diferente de hoje, que se exporta quase 50% dos suínos produzidos. Na época 2% a 5% apenas seguia para o exterior”. A Rússia não compra mais e a China virou o grande mercado da Aurora. “Também exportamos para os Estados Unidos e outros países”, descrever Laznaster, em entrevista à Revista Cooperalfa no daí 09 de setembro de 2020.

Crescimento exponencial

Sob a direção de Lanznaster, a Aurora teve um crescimento exponencial. Enfrentou uma crise em 2008 e 2009, e após isso alavancou. Saltou de 13 mil para 33 mil funcionários e 2020 deve fechar com R$ 1 bilhão de sobras. “Teve momentos em que foi preciso tomar decisões difíceis, como fechar a indústria de sucos de Pinhalzinho, para transformar numa indústria de leite”. Lanznaster destacou que todas as suas decisões foram amparados pela Assembleia, sempre seguindo a diretriz do planejamento estratégico.

As afirmações de Lanznaster são com base em entrevista concedida à Revista Cooperalfa no dia 09 de setembro de 2020Assessoria de Imprensa Cooperalfa