A Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS, através de seu presidente, Valdecir Luis Folador, participou na manhã de segunda-feira (25) da audiência pública para debater as causas da crise da suinocultura no RS e as alternativas para viabilizar o setor, em uma realização da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do RS – AL/RS.

O dirigente da entidade iniciou contextualizando sobre o aumento de 18% na produção gaúcha de suínos no período de 2016 a 2021, considerando plantel e ganhos de produtividade. A partir de meados de 2019, houve um novo crescimento na produção com a entrada da demanda chinesa, em função dos problemas que a China enfrentou no período.

Desde o segundo semestre de 2021, no entanto, com a recuperação do plantel chinês, houve a redução de valores no envio da carne suína para a China. “Não em relação a volumes e sim em relação a preços pagos pela exportação. A China continua comprando carne suína brasileira, mas os preços recebidos tem caído. O mercado importador tem sido um grande balizador quanto a termos um equilíbrio de oferta e demanda no mercado interno”, comenta Folador. O mercado interno representa em torno de 75% da produção e o externo 25%.

Além disso, Folador mencionou as três secas, ou seja, três safras de milho quebradas, tanto no Sul quanto no Centro Oeste. “Até meados de 2020, nós tínhamos um custo de produção. Milho a R$40/R$50, soja de R$80/R$90 a saca. A partir do segundo semestre de 2020, o milho saiu do patamar dos R$40 e foi para R$80/R$90 a saca. A soja saiu do patamar de R$80/R$90 a saca e foi para R$170/180 a saca”, pontou Folador, ressaltando que o aumento nos valores influenciou muito no custo de produção.

Atualmente, o produtor tem o custo médio de R$8,01 (média março, Embrapa Suínos Aves) para produzir um suíno e, por ele, recebe cerca de R$5,92 (Pesquisa Semanal da Cotação do Suíno, Milho e Farelo de Soja, cotação 14/04). “Estamos vivendo essa crise por causa do aumento da produção para a China, pelo alto custo de produção que enfrentamos desde meados de 2020 e pelos baixos preços pagos ao suinocultor”, frisa.

Neste cenário, o produtor independente é aquele que vem sendo mais afetado pela crise. “O produtor independente carrega todo o custo: alimentação, vacinas, medicamentos. O integrado, verticalizado, recebe o suíno, a ração e todos os insumos e ganha um valor por animal que ele vai devolver para a indústria em cima de índices de produtividade. Quem arca com o prejuízo, neste momento, é a agroindústria, a cooperativa. Essa é a grande diferença, o produtor que mais está tendo problemas, realmente, é o produtor independente”, reforçou.

Medidas

Segundo Folador, as seguintes medidas, já encaminhadas ao Governo Federal, podem ser adotadas para minimizar os problemas enfrentados pelos suinocultores: prorrogação de custeios e investimentos e reativação da linha retenção de matrizes; junto ao Governo Estadual, a isenção ou redução (de 6% para 3%) na alíquota sobre o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços nas vendas interestaduais de suínos vivos.

Proponente da audiência, o deputado Jeferson Fernandes sugeriu enviar um documento com a situação exposta ao longo da sessão ao Governador do RS, Ranolfo Vieira Júnior.

A audiência pública contou com a coordenação do presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da AL-RS, Adolfo Brito. Também acompanhou a reunião o vice-presidente da ACSURS, Mauro Gobbi.

Fonte: ACSURS