Mais um mês, mais um combo Conab e WASDE. Na semana passada, os números da soja de ambas as agências vieram em linha com a expectativa média, embora ainda ligeiramente acima dos números das casas privadas.

Após esses importantes relatórios, o objetivo na atualização desta semana é, bem… atualizar o número de safra da hEDGEpoint Global Markets e mostrar um pouco do que está por trás dele.

“Primeiro, vamos entregar o ouro: o número da safra de janeiro da hEDGEpoint é de 153,4M ton, contra 160,1M ton do início de dezembro. Por trás desse declínio está um dezembro quente e seco, como já é de conhecimento do mercado. Ainda assim, há nuances que precisam ser discutidas”, aponta Pedro Schicchi, analista de Grãos e Óleos Vegetais da companhia.

E prossegue: “Com relação ao desenvolvimento, estamos bem no ‘olho do furacão’. A maior parte das áreas está passando pelos estágios reprodutivos da soja, os mais críticos para a produtividade. Na semana passada (7), a Conab informou que 63,4% da área total plantada estava nos estágios de floração ou enchimento de grãos. A soja pode ser bastante resistente a condições climáticas ruins no início do ciclo, mas é nessas etapas de desenvolvimento que ela se torna mais vulnerável. Como se sabe, a disponibilidade hídrica suficiente é especialmente crucial nesse estágio, mas as temperaturas mais baixas também ajudam”.

De modo geral, as condições climáticas em dezembro não foram as melhores. As temperaturas foram bastante altas durante o mês e a precipitação, em média, ficou abaixo do necessário.

“Mais calor significa mais evaporação, o que acentua a questão da falta de água, que certamente afetou as safras este ano. Ainda assim, na segunda metade do mês houve melhora, uma tendência que parece continuar em janeiro. A temperatura nessas duas primeiras semanas tem sido muito mais amena e, portanto, benéfica para as culturas. Além das temperaturas mais baixas, a precipitação também melhorou”, explica o analista.

Para muitas áreas, essa melhora pode não trazer maiores produtividades, pois os danos sofridos já eram irreversíveis quando o clima começou a melhorar. Entretanto, para muitas outras áreas, ainda há tempo, e as melhores condições podem impedir que a produção nacional continue em queda.

NDVI

Por fim, o último input considerado em nossos modelos é o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). O NDVI é usado para quantificar o “quão verde” está a vegetação e é útil para entender a densidade da vegetação e avaliar as mudanças na saúde das plantas (USGS). Embora não seja perfeita, a medida tem uma boa correlação com a produtividade.

“Levando isso em consideração, há dois fatores a serem observados. O primeiro é que regiões importantes (Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e MATOPIBA, por exemplo) estão todas abaixo dos níveis do ano passado e, portanto, muito provavelmente terão resultados piores, o que justifica a tendência recente dos números de safra. O segundo, no entanto, é que o NDVI está, em sua maior parte, em torno da média de 20 anos na maioria dos estados do Brasil, o que suaviza um pouco o tom da quebra. Para fins de comparação, podemos ver quão abaixo da média estavam as safras do Rio Grande do Sul em 21/22 e 22/23, ambas com grandes quebras de safra para o estado”, diz.

Em resumo

O fim das contas é que, na opinião da hEDGEpoint, embora certamente haja motivos para os cortes que estamos vendo, é melhor ter cuidado com números “muito baixos”.

Fonte: hEDGEpoint Global Markets

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