O dólar passava rondar a estabilidade contra a moeda brasileira nesta sexta-feira, chegando a superar a marca de 5,28 reais em meio a incertezas políticas e fiscais domésticas, depois de ter caído mais cedo com algum alívio de temores sobre redução de estímulos nos Estados Unidos.

Às 11:50, o dólar avançava 0,09%, a 5,2589 reais na venda. Na máxima do dia, alcançada por volta das 11h30, a moeda chegou a saltar 0,53%, a 5,2820 reais na venda, depois de ter apresentado queda na primeira uma hora e meia de negociações.

Na B3, o dólar futuro subia 0,07%, a 5,2685 reais.

Brasília está vivendo um mês de agosto agitado, em meio à troca de farpas constante e cada vez mais intensa entre o presidente Jair Bolsonaro e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), bem como entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).

O front fiscal também tem sido motivo de ansiedade, principalmente depois que o governo informou ter a necessidade de alterar a dinâmica para pagamento de precatórios, levantando temores sobre possível pedalada. O Ministério da Economia disse na quinta-feira que o fundo criado pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios não ficará fora do Orçamento, afetando, portanto, o resultado primário da União.

“A volatilidade política geralmente não faz tanto preço nos ativos, mas acho que está tão intensa que, agora, faz: não deixa o real se valorizar e mantém nossa bolsa descolada das outras”, disse à Reuters Marcos Weigt, head de tesouraria do Travelex Bank.

“Pior que uma notícia ruim é a incerteza; uma notícia ruim você precifica e ponto”, enquanto as incertezas geram dúvidas sobre que decisões tomar, afirmou, acrescentando que os ruídos domésticos impediam a moeda brasileira de aproveitar o cenário global de ampla liquidez.

O Departamento do Trabalho norte-americano informou esta semana que a inflação ao consumidor norte-americano desacelerou em julho, aliviando parte dos temores sobre redução de estímulos pelo Federal Reserve.

A perspectiva de manutenção da postura flexível na maior economia do mundo, que pode fornecer alívio para ativos de mercados emergentes, segundo especialistas, é impulsionada no Brasil pelo posicionamento mais “hawkish”, ou agressivo, do Banco Central.

Em meio a pressões inflacionárias crescentes, o BC intensificou a dose do aperto em seu último encontro de política monetária ao adotar alta de 1 ponto percentual na taxa Selic, a 5,5% ao ano, já indicando outro aumento de igual magnitude na próxima reunião do colegiado, em setembro.

“Além de crescimento, investidores estrangeiros procuram taxas de juros mais altas para investir”, disse a RB Investimentos em relatório assinado pelo estrategista Gustavo Cruz. “Quando quiserem escolher entre mercados emergentes, o Brasil terá os dois pontos para oferecer nesse restante de ano.”

O dólar caminhava para encerrar a semana em alta, depois de fechar a última sexta-feira em 5,2343 reais. Até agora no mês de agosto, a moeda tem ganho de 1,2%, após encerrar julho em 5,2082 reais.

No acumulado do ano, o dólar sobe 1,45%, e não é negociado abaixo do patamar psicológico de 5,00 reais desde 30 de junho de 2021.

Na véspera, o dólar à vista subiu 0,66%, a 5,2542 reais, maior nível desde 8 de julho (5,2549 reais).

Fonte: Reuters