Pesquisador da Embrapa, Everton Krabbe, defendeu tecnologias e estratégias de prevenção e controle de perdas para reduzir o impacto dos custos elevados em fabricas de ração durante webinar realizado pela Kemin

São diversas as ferramentas estratégicas que podem contribuir com fábricas de ração para reduzir o impacto dos preços elevados das matérias-primas nos custos de produção, defendeu o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe, em webinário sobre Desafios e Oportunidades para Fábricas de Ração realizado pela Kemin.

O especialista destaca momentos desafiadores dos últimos meses para a cadeia produtiva em função da escalada nas cotações dos principais insumos de produção. “Um levantamento da Central de Inteligência da Embrapa aponta que o impacto da nutrição nos custos atingiu 75% para frangos de corte e até 81% para suínos. É extremamente elevado. Eu não me recordo de nenhum momento anterior onde chegamos em níveis tão elevados. Por isso é tão importante ter estratégias neste cenário”, salienta Krabbe.

E, mesmo com este quadro, ele ressalta que as perspectivas são positivas para a produção de aves e suínos. “Em cenário para os próximos 10 anos traçado pela Embrapa, juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), as projeções são de crescimento na produção de carne de frango na ordem de 28% enquanto a de carne suína deve aumentar 28% e a área plantada deve ser 17% maior. O Brasil é um país extremamente competitivo e com uma grande perspectiva para o futuro”.

Desafios e Oportunidades

“O momento é desafiador, mas desafios também trazem oportunidades. Então é importante estarmos atentos, pensar estrategicamente porque temos oportunidades para melhorar desempenho, eficiência e reduzir perdas ao longo do processo de produção”, disparou a zootecnista e coordenadora de Produtos para Monogástricos da Kemin na América do Sul, Gisele Neri.

No quesito redução de perdas, Krabbe pontua que hoje cerca de 90% dos desafios são oriundos da incidência de micotoxinas, microrganismos e oxidação. “São os maiores desafios que enfrentamos sistematicamente dentro da indústria. Isso pode causar problemas diretos ou indiretos no produto final. Às vezes não acometem os animais, mas comprometem a qualidade e a segurança dos alimentos que estamos produzindo e que vai para o consumidor final”, declara o pesquisador.

De acordo com ele, estes fatores evoluíram muito e parte dos problemas estão ligados a fatores que não controlamos, como o clima, por exemplo. “Micotoxinas e outros microrganismos são dependentes de aspectos climáticos e isso é difícil de controlar”, afirmou lembrando que nas aves a contaminação microbiológica pode ocorrer em diversos momentos, com diferentes agentes, como pragas, cama aviária, aves recriadas, caminhões, ambiente, incubadoras, humanos, animais e alimentos, por exemplo. “Precisamos ter um conjunto de medidas preventivas”, salientou.

Prevenção e Controle de Salmonela

Um bom programa de prevenção e controle de Salmonela, que lista no topo das preocupações do setor, ganha importância ainda maior neste momento em que é necessário reduzir perdas durante a cadeia. “As bactérias, principalmente a Salmonela, estão presentes em todos os elos da cadeia de produção. A contaminação pode surgir através dos animais. Os humanos podem trazer os patógenos para dentro dos processos de produção. E eles podem vir através de pragas, ar (pó), água e alimentos”.

Krabbe ressalta que os riscos de contaminação existem ao longo de toda a cadeia produtiva, desde a lavoura, e podem ocorrer em qualquer etapa. “O risco está ligado a questões como clima, solo, manejo, uso de diferentes tipos de fertilizantes e, inclusive, na irrigação. E quanto mais manipulamos estes alimentos, quanto mais estes alimentos tiverem interação com processos e seres humanos, maiores são as probabilidades de contaminação. Por isso é importante trabalhar na prevenção. Previnam-se porque problemas podem ingressar ao longo do processo”, disse.

Caracterizar bem os alimentos produzidos, os ingredientes e trabalhar durante o processo foi o conselho do especialista aos participantes. “Existem tecnologias para isso. Temos máquinas e ferramentas de análises. Existem aditivos alimentares, como antimicrobianos para reduzir a carga bacteriana que pode representar um desafio. Existem surfactantes e programas específicos, que aumentam ou beneficiam o processo de gelatinização e de condicionamento no alimento”, pontou Krabbe.

Ele encerra destacando ainda outras ferramentas importantes. “Existem as enzimas, que junto com a caracterização adequada, podem contribuir com redução de custos. Temos os antioxidantes que são fundamentais para prevenir a oxidação, que é mais uma perda que acontece e pode ser prevenida. Existem os sequestrantes de micotoxinas que são importantes. Tão importantes que vimos que estes problemas entram por maior que seja o nosso nível de controle de qualidade”, encerrou.

Fonte: Assessoria de Imprensa