O mercado de drones está mais do que em alta. Prova disso é que do ano passado para cá o número de empresas que produzem, desenvolvem softwares ou prestam serviços com drones quase triplicou no país. O número de cadastrados aumentou  55% em um ano. Em 2019, o sistema de cadastros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) conta com 71.561 drones cadastrados, sendo 26.016 profissionais e 45.545 recreativos.

Um setor que representa cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB)  não poderia ficar atrás. Só o agronegócio já é 40% do total do mercado de drones. Nos últimos anos também cresce o número de novas empresas voltadas para produzir tecnologia para os Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants). São mais de 300 agtechs que trazem no DNA a inovação que assegura um bom negócio e inúmeras vantagens para o produtor rural.

Da mudança de planos à oportunidade

A pulverização exerce papel muito importante em uma lavoura. Proteção contra pragas, doenças, insetos e a nutrição que a planta precisa para resultar em produtividade. Pulverizar é distribuir a planta em pequenas partículas e tentar alcançar o máximo da lavoura, seja com máquinas ou com pessoas. Nem sempre isto é possível pelo tamanho do equipamento, pelo terreno e pela incidência de pragas em determinado ponto do talhão. No caso humano entram os riscos à saúde pelo contato com os químicos e a demora na conclusão do trabalho, muitas vezes, realizado sem uniformidade.

Nessa oportunidade que os drones encontraram mercado.  Primeiro o equipamento percorre a lavoura e identifica os locais onde há necessidade de fazer a aplicação. Os produtos usados posteriormente podem ser os químicos, apenas na área infestada, e os biológicos que podem ser usados para ovos de vespas em cápsula biodegradável, responsáveis pelo controle de pragas.

A ideia contagiou o Eduardo Goerl. Formado em Administração de Empresas, o jovem sempre teve a aviação no sangue. Foi piloto de avião e depois de um acidente começou a pensar em como era perigosa a vida dos pilotos, inclusive os de aviação agrícola, com manobras e sobrevoos baixos. Dessa necessidade surgiu a ARPAC. A startup, de Porto Alegre (RS), começou a se desenvolver em 2014 e operar em 2016. Todo o material utilizado no processo é da empresa: o drone, o software que controla o voo e o código que comanda o software.

A ARPAC atende hoje 14 grandes empresas do setor e a definição de valor é feita por hectare percorrido, com valor negociado empresa a empresa.  Hoje as principais culturas atendidas são cana-de-açúcar, soja, café e frutas como uva e banana.

E quais as vantagens do drone?

Entre as vantagens para o agricultor está a economia de defensivos usados (em geral 80% menos), mais agilidade e precisão na aplicação e redução de custos (até 55% menos do que a aviação agrícola). Além disso:

– Analisa a plantação: com imagens de alta definição é possível identificar pragas e doenças, diferenças de cor que detectam fungos e até nematoides;
– Plantio: o equipamento pode ajudar na análise de quais áreas da propriedade estão mais ideais para a semeadura;
– Acompanhar a safra: podem ser feitos voos regulares que captam imagens e ajudam a analisar o desemprenho da lavoura no dia a dia;
– Pastagem e solo: com monitoramento é possível ver a qualidade do pasto e também ver em que pontos há necessidade de colher amostras de solo para análise;
– Água e estradas: pode identificar nascentes e apontar as coordenadas para abrir uma nova estrada.
– Vigilância: pode sobrevoar fazendo a segurança da lavoura, armazéns e divisas, bem como identificar pontos de incêndio;
– Na pecuária: os usos não atendem somente a agricultura. Na pecuária o drone pode ser usado para tocar a boiada, para monitorar, contar o gado, achar animais perdidos ou doentes.

Negócio milionário

A ARPAC é um bom exemplo da importância do drone para o agro. A startup acaba de captar um aporte de R$ 1,3 milhão para investir em expansão e suporte em cinco polos do agro estratégicos em logística e divulgação direto ao produtor. As cidades são: Jataí (Goiás), Jaú (São Paulo), Piracicaba (São Paulo), Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e Sorriso (Mato Grosso). Anteriormente a empresa já contava com R$1,2 milhão. Ao todo, o negócio captou 2,5 milhões de reais em aportes.

Fonte: Agrolink