As tensões e a cautela se espalharam pelo mercado financeiro nesta sexta-feira (3) depois do ataque dos EUA ao Irã que matou um dos principais líderes do país, o general comandante iraniano Qassem Soleimani, provocando uma disparada do petróleo, baixa das demais commodities e bolsas de valores internacionais e, na outra ponta, uma alta do dólar.

O dia é de intensa aversão ao risco.

Perto de 12h40 (horário de Brasília), o petróleo WTI subia mais de 3,4% para bater em US$ 63,26 por barril. O ouro tinha alta de 1,50%. No mesmo momento, o dólar index tinha leve alta de 0,02%.

Os índices acionários perdiam mais de 0,6%, enquanto os futuros da soja perdiam mais de 1,5% – ou 16 pontos – entre os principais contratos, o milho mais de 0,6% e o trigo, quase 0,7%.

A reação dos mercados foi imediata ao acontecido, porém, amenizada por alguns outros fatores que acontecem paralelamente, como explica o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.

Entre estes fatores estão um alinhamento e uma melhora nas relações comerciais entre China e Estados Unidos e as taxas de juros baixas no mundo todo. “O mundo está ensopado de dinheiro. E isso faz com que o mundo seja mais tolerante a um elevado grau de risco”, diz Fernandes, em entrevista ao Notícias Agrícolas.

O momento é de cuidado, como ele explica, e de monitoramento, principalmente, das retaliações que podem vir daqui em diante. E o Irã já prometeu vingar a morte de Soleimani. Além disso, Fernandes acrescenta ainda que os alertas se reforçam na medida em que 2020 é ainda ano de eleições presidenciais nos EUA.

O consultor explica que as realizações de lucros pelas commodities agrícolas que caem nesta sexta-feira vêm ainda depois de uma “robusta sequência de altas”. E complementa dizendo ainda que são ‘aceitáveis’ e até pequenas diante da intensidade dos últimos ganhos e da notícia do ataque.

Fernandes acredita que caso os preços do petróleo continuem subindo com tamanha força, a tendência ainda é de que possam contribuir, inclusive, com os preços do milho na Bolsa de Chicago – já que o cereal é a principal matéria-prima para a produção de etanol no país – ajudando, consequentemente, também os preços da soja.

PARA O PRODUTOR BRASILEIRO

Do espectro mais amplo, o momento segue positivo para o produtor brasileiro e a formação dos preços no mercado nacional, segundo o consultor. No entanto, alerta para a chegada da nova safra da nova safra nos próximos dias e qual será o posicionamento do produtor americano diante dessa nova oferta.

“Se você é americano e sabe que a maior economia do mundo tem que comprar de você um volume alto, naturalmente, você retrai as vendas, vende paulatinamente, tentando capturar as melhores altas possíveis. Em sendo verdade, os preços lá fora sobem, os prêmios aqui se amenizam, mas isso faz com que a China tenha que ser muito hábil para comprar hora lá, hora cá”, diz.

Fernandes acredita ainda que o andamento do dólar também pode continuar favorecendo a formação dos preços no Brasil, com a moeda americana com pouco espaço para se distanciar muito dos R$ 4,00.

Fonte: Notícias Agrícolas