A queda na cotação do suíno em época de demanda alta surpreendeu o mercado

Em um ano marcado pelo aumento dos custos de produção, os suinocultores de Minas Gerais foram surpreendidos pela queda de preços do suíno vivo em dezembro. Conforme os dados da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), o quilo do suíno vivo é negociado, na média estadual, a R$ 6,80, um recuo de quase 10% em uma semana.

A retração nos valores não era esperada já que, tradicionalmente, a demanda aumenta com as festas de final de ano. A maior oferta de carne suína no mercado nacional e o menor poder de compra dos consumidores são fatores que contribuíram para a retração dos valores.

Segundo o médico veterinário e consultor de mercado da Asemg, Alvimar Jalles, os suinocultores de Minas não esperavam a desvalorização. Neste ano, o setor não obteve lucro. Em média, os preços empataram com as despesas, ficando os dois em cerca de R$ 6,90. Hoje, o preço do mercado está abaixo do valor médio de custo.

“Os preços pagos pelos suínos ao longo do ano praticamente ficaram empatados com os custos. Na última quinta-feira, no fechamento da bolsa, o valor pago pelo quilo do suíno vivo caiu bastante, de R$ 7,50 para R$ 6,80. A bolsa fechou com queda de quase 10% na segunda semana de dezembro, quando, historicamente, era registrada alta”, explicou.

Ainda segundo Alvimar, em relação ao mesmo período do ano anterior, as exportações de carne suína, em novembro, ficaram inferiores. Considerando apenas o 11º mês do ano, os embarques de carne suína, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), totalizaram 79,3 mil toneladas no País, volume 9,4% menor que o exportado no mesmo período de 2020, com 87,5 mil toneladas. Além disso, houve aumento da produção, o que elevou a oferta do produto no mercado. A renda dos consumidores também caiu, comprometendo a capacidade de compra da proteína.

“A queda no preço de dezembro não era esperada pelo setor. Agora, esperamos que ela chegue ao consumidor e que nos traga bons volumes de vendas”, disse.

Devido ao ciclo, a produção de suínos em Minas Gerais deve encerrar o ano com alta de 4,4% sobre 2020. Com os preços muito próximos aos custos, que estão bastante elevados, a tendência para 2022 é de um crescimento menor na produção mineira.

“A criação de suínos não desacelera de uma hora para a outra, por isso, a expectativa é de continuar a crescer em 2022, porém, a taxas menores. Também existe a expectativa em relação ao retorno das compras da Rússia, que deve adquirir o produto no início de 2022. Isto certamente vai ajudar no escoamento da produção e na recuperação dos preços, caso aconteça”, avaliou.

Para o próximo ano, em relação aos custos de produção, a projeção é de que uma maior safra de grãos e o controle da pandemia possam contribuir de forma positiva para o setor.

Em 2021, o aumento dos preços dos grãos foi o principal desafio enfrentado pela atividade. Os dados divulgados pela ABPA mostraram que no período entre setembro de 2020 e igual mês de 2021, o custo de produção da carne suína subiu expressivos 41,17%.

“Os desafios das atividades são crescentes, por isso, o produtor tem que ter uma gestão eficiente, ter controle efetivo do caixa, da produtividade e do rebanho”, disse Jalles.

Fonte: SI com informações de Diário do Comércio