Alta nos preços dos insumos e excesso de oferta desanima criadores de suínos

O início de 2022 está sendo marcado por grandes prejuízos na suinocultura em Goiás. Produtores independentes relatam perda de R$ 2,50 por kg de suíno vendido, já que comercializam a carne por R$ 5, com custo médio de R$ 7,53. As contas não fecham e a reclamação é em todo o País.

Dados colhidos entre os suinocultores ligados à Associação Goiana de Suinocultores (AGS) mostram que a cadeia vem trabalhando com custos de produção muito elevados, especialmente em virtude da alta dos preços do milho, que representa 73% da composição total da ração, e do farelo de soja, que participa com 22%, sendo ambos responsáveis por mais de 80% da participação do custo operacional total. O resultado é a baixa margem de lucro ao produtor, já que o preço pago ao quilo do suíno não varia na mesma intensidade. Atualmente, o prejuízo chegar a R$ 250 por animal.

O excesso de oferta, associada à crise econômica, preocupa. “A virada do ano é esperado um recuo do preço, tradicionalmente acontece, tanto a exportação diminui quanto a demanda interna em função das despesas tradicionais das famílias brasileiras”, explica o consultor de mercado da AGS, Iuri Pinheiro Machado. “Nos últimos dois anos tivemos uma queda na renda e uma alta na inflação, além do aumento da SELIC que afeta o crédito. A pandemia teve um impacto negativo na renda salarial da população em torno de 6%, e todo o cenário econômico resultou numa perda do poder de compra dos consumidores em torno de 20%”, completou.

Ele explicou também que, segundo especialistas, a economia do Brasil não vai se recuperar este ano e projetam o crescimento do PIB em torno de apenas 0.3%. Por outro lado, estimam que até o fim do ano haverá uma queda na inflação, que será positiva. “Em relação a produção, a suinocultura brasileira cresceu vertiginosamente, atingindo os patamares previstos para 2027 em 2021, ou seja, tivemos um crescimento gigantesco, acompanhado pelo aumento do consumo per capita que já ultrapassou os 18 kg, ponto muito positivo para toda a cadeia.” Em Goiás, a estimativa é o consumo de mais de 20 kg.

O produtor Fernando Cordeiro, que cria suínos em sua fazenda em Anápolis, a 55 km de Goiânia, considerou 2021 um ano bom, mas tem ressalvas quanto ao início de 2022. Ele diz ficar atento com as exportações e os preços do milho e do farelo, que compõem a produção suína. “A gente precisa observar a demanda chinesa. E por outro lado, temos que observar o nosso custo de produção, que é justamente o preço do farelo e milho, que representa mais de 70% de todo o custo. A perspectiva é boa tanto para soja, quanto para o milho, com safra recorde. E isso pode ajudar a gente nos custos”, prevê.

Campanhas

Para incentivar o consumo da carne de porco neste início de 2022, a AGS promove duas campanhas: ‘Segunda com Carne Suína’ e a ‘Carne de Porco: bom de preço, bom de prato’, esta em parceria com a ABCS.

Especialistas apontam, como fator decisivo na hora da escolha da proteína nos açougues e supermercados, o preço mais acessível da carne de porco em relação a carne bovina, que sofreu seguidos aumentos nos últimos anos. “Pensando na preferência do goiano pela carne de porco, que está tradicionalmente na nossa culinária, além do pelo preço mais acessível, decidimos fazer essa abordagem nas redes sociais, exaltando os benefícios do consumo da proteína”, explica a secretária executiva da AGS, Crenilda Neves.

As peças publicitárias da ‘Segunda com Carne Suína’ são publicadas todas às segundas-feiras, pensando em contrapor com uma campanha que pede o fim do consumo de carne no dia. Um selo com o nome da campanha diferencia o projeto das demais publicações. “Cada segunda-feira, explicamos aos seguidores da AGS nas redes sociais os benefícios da carne na saúde, na nutrição e até no auxílio que proporciona nas atividades físicas”, diz Crenilda.

A outra campanha, mais voltada para os supermercados e açougues, já foi realizada em 2021 com muito sucesso e continua neste ano. As postagens vão ocorrer às terças e quintas.

Fonte: AGS