O atraso na implantação do milho safrinha poderá ser um grande complicador para a cultura em 2018. Mesmo com o enfraquecimento do La Niña, o risco de geadas é maior este ano já que uma das características do fenômeno é o favorecimento ao ingresso de massas de ar polar devido à menor presença de nuvens. Apesar de os especialistas dizerem que o frio fora de época em janeiro e fevereiro não necessariamente signifique outono e inverno rigorosos, as geadas serão um desafio permanente às lavouras já que o atraso no plantio é de, pelo menos, 15 dias.

Os meteorologistas projetam ondas de frio precoces em regiões nas quais não se cultiva milho. Para Luiz Renato Lazinski, do Inmet, o frio chega cedo nas áreas mais altas. “As geadas, em abril, devem ocorrer a partir da segunda quinzena e ficar restritas às áreas acima dos 800 metros de altitude no Sul”.

Para as regiões de safrinha, o risco viria não apenas por geadas. Lazinski vê risco de problemas por chuvas abaixo da média e por geadas no final do ciclo do milho. Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, entende que o problema maior não será o frio precoce. “Há previsão de declínio mais acentuado da temperatura nas segundas quinzenas de maio e de julho, mas não aparece frio constante”, afirma. Ele discorda de Lazinski quanto ao regime de chuvas no Sul. “Não aparecem longos períodos de tempo seco nos próximos meses. O maior destaque não será estiagem, mas sim, ausência de chuva persistente”, projeta.

O enfraquecimento do La Niña influenciará a chegada das massas de ar polar. “A neutralidade climática fará com que tenhamos alternância entre períodos frios e quentes”, diz Oliveira.

CENTRO-OESTE

As chuvas que complicaram a colheita da soja e o plantio do milho safrinha em Mato Grosso em fevereiro devem prosseguir durante o mês de março. “Será um mês complicado por lá”, admite Celso Oliveira. Ele acrescenta que também em Mato Grosso do Sul as precipitações serão frequentes, mas com volumes acumulados menores e janelas maiores para trabalhos no campo.

Fonte e foto: C.Vale