Coletiva organizada pela Aprosoja e Abramilho apresentou dados de rentabilidade para produtores no ciclo 23/24 e traçou perspectivas nada animadoras para 24/25

Nesta terça-feira (02) a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) e a Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) organizaram uma coletiva de impressa para apresentar dados de produtividade e rentabilidade para os produtores de soja e milho na safra 23/24. Além de representantes das duas entidades, participaram das apresentações o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) e o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Apresentando dados de custos de produção para soja e milho nesta safra, o Pesquisador do Cepea, Mauro Osaki, afirmou que a safra 2023/24 deverá representar o maior prejuízo do sistema soja + milho dos últimos 25 anos, tomando-se por base os dados da região de Sorriso no Mato Grosso.

Nos cálculos de Osaki, a média de produtividade de 50 sacas por hectare é insuficiente para fechar as contas da soja 23/24 com preços na casa dos R$ 100 por saca em muitas regiões produtoras do país. Para quem teve produtividade de 30 sc/ha nem mesmo preços de R$ 150,00 seriam suficientes para cobrir os custos.

“Os custos de produção caíram e o produtor conseguiu comprar insumos para a safra 23/24 com preços menores do que os que tinha comprado para 22/23, mas no final das contas a rentabilidade foi menor, porque os preços de venda das comodities caíram ainda mais”, explicou.

O pesquisador destaca que, os resultados da segunda safra de milho até estão melhores, com o grão fechando a conta em muitas regiões, mas com sobra insuficiente para cobrir o que ficou para trás da soja.

“As margens de soja e milho caíram e isso trouxe uma crise grave porque custo de produção não caiu, somente o preço. Muitos estados com problemas de produtividade e a única esperança é o custo de produção cair de agora para frente, ou ter alguma crise global para elevar os preços das commodities, o que não há previsão de acontecer”, aponta Fabricio Rosa, Diretor Executivo da Aprosoja Brasil.

Olhando para o ciclo 2024/25, Osaki também não enxerga cenário muito animador, com uma situação parecida de valores apertados. Os dados do Cepea apontam que seria necessária uma produtividade média de 55 sacas por hectare para apenas cobrir os custos da próxima safra, considerando os atuais níveis de insumos, Chicago, dólar e prêmio.

“Esse cálculo é somente para o custeio, sem levar em conta as dívidas que vão ser carregadas desta safra e os investimentos dos produtores. Será preciso buscar reduzir custos e repensar estratégias para a safra 2024/25”, afirma o pesquisador do Cepea.

Esse temor sobre as contas da próxima safra também foi destacado pelo Superintendente do Imea, Cleiton Gauer, trazendo o cenário apresentado no estado do Mato Grosso para o planejamento da próxima temporada.

“Estamos vendo preços abaixo dos R$ 100 a saca, e mesmo assim, as traders não estão ofertando. O produtor não tem ofertas com preços atrativos e fechar as contas abaixo dos R$ 100/sc é prejuízo”, diz Gauer.

Diante deste cenário, o Diretor Executivo da Abramilho, Glauber Silveria, acredita que os produtores devam recuar o plantio na safra 2024/25, especialmente em terras arenosas que foram abertas nos últimos anos, a exemplo do que já acotneceu em outras anos de crise.

“Aconteceu lá atrás em uma época que a gente plantou bastante, deu uma quebra grande e de uma safra para a outra deu um recuo de 1 milhão de hectares, que foi quando avançaram nas terras arenosas. Agora eu acho que deve ter um recuo nessas áreas, é o meu sentimento observando”, diz Silveira.

Por: Guilherme Dorigatti

Fonte: Notícias Agrícolas

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