Na carona do óleo de soja, que subiu mais de 2% somente nesta quinta-feira (16) na Bolsa de Chicago,os futuros do grão também encerraram o dia com boas altas, as quais variaram de 10,50 a 14,75 pontos nos principais vencimentos, com o janeiro valendo US$ 12,77 e o maio, US$ 12,84 por bushel.

Além das altas do óleo – que vieram acompanhando o avanço do petróleo e alimentadas também por uma compra do derivado pela Índia nos EUA de 20 mil toneladas hoje – o mercado também continua muito atento ao clima na América do Sul. Os modelos seguem indicando poucas chuvas, escassas e mal distribuídas para os próximos dias, até a conclusão de 2021.

Consultorias privadas ainda divergem sobre o tamanho das perdas que têm sido observadas na safra sul-americana em função das adversidades climáticas e, por isso, segundo explicam analistas e consultores, essa baixa na safra deverá ser efetivamente absorvida somente em janeiro.

Caso elas venham a se confirmar e a depender de sua dimensão podem continuar provocando novas altas para a soja na Bolsa de Chicago. “Mas essa pode não ser um movimento duradouro”, acredita Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities. As exportações menores dos EUA neste ano comercial e a possibilidade de uma área de soja maior em detrimento do milho – por conta da alta intensa dos fertilizantes para a safra 2022/23.

O cenário mais severo ainda se observa no Sul do Brasil, partes da Argentina – onde o plantio está concluído em 69% – e no Paraguai. Os relatos dos produtores é bastante preocupante e trazem perdas irreversíveis, como é o caso de Ricardo Bagateli, de Alto Paraná Sul. Ele contabiliza 6300 hectares na região sendo castigados pela seca e pelo calor intenso, ainda incapaz de contabilizar as perdas.

“A quebra é bastante grande, a situação é muito complicada e toda nossa margem de lucro já foi. Agora estamos torcendo para conseguir cumprir os contratos”, explica Bagateli.

A realidade do produtor se repete em áreas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, no restante do Paraná e em partes de Mato Grosso do Sul. Para a Argentina, os últimos dias foram de chuvas ligeiramente melhores, o que permitiu um avanço dos trabalhos de campo, mas com dias de precipitações limitadas nos próximos dias. No Paraguai, as imagens também são tristes.

“Algumas pequenas microrregiões, que receberam algumas chuvas no fim de semana, a situação se amenizou um pouco, mas é muito pouco. A região de São Alberto, referência importante para a soja do Paraguai, está muito feia. Lavouras plantadas, a maioria em setembro, estão morrendo dia após dias em pleno enchimento de grãos. O potencial é de apenas 30 sacas por hectare”, relata o produtor rural Neivo Fritzen.

Preços no Brasil

Os preços da soja no mercado brasileiro acompanharam os ganhos em Chicago e encerraram o dia com altas que chegaram a 2,41%, como foi o caso de Ponta Grossa, no Paraná, levando a saca de R$ 170,00 no mercado física. E mais altas foram observadas em praticamente todas as praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas.

Nos portos, as referências fecharam o dia com estabilidade, se equilibrando entre as altas de Chicago e a baixa do dólar frente ao real. A moeda americana terminou a quinta-feira com R$ 5,68, perdendo 0,50%. Ainda assim, os preços são altos.

A soja disponível fechou com R$ 170,00 em Paranaguá, como referência, e em R$ 169,00 no terminal de Rio Grande. Para safra nova, R$ 164,00 e R$ 162,00, respectivamente. Para janeiro/22, em Santos, o dia fechou com R$ 163,00 por saca.

Fonte: Notícias Agrícolas