A sexta-feira 13 se confirmou para o mercado da soja e os futuros da oleaginosa voltaram a recuar na Bolsa de Chicago e encerraram o pregão com perdas de 5,25 a 8 pontos entre as posições mais negociadas. Ainda assim, o saldo semanal é positivo e pela primeira vez em sete semanas, como pontuou o analista de mercado da Agrinvest, Eduardo Vanin. O contrato novembro subiu 1,26% de US$ 12,66 para US$ 12,82 por bushel; o março 1,15% de US$ 12,99 para US$ 13,14 e o maio – referência mais importante para a nova safra do Brasil – de US$ 13,13 para US$ 13,26, com alta de 0,99%.

O mercado da soja, assim como de outras commodities, vai concluindo a semana sentindo certa pressão vinda de uma nova disparada do dólar, enquanto monitora fundamentos importantes do outro lado, que ainda dão suportes a pilares importantes de preços, como os US$ 13,00 para os vencimentos mais alongados e referências importantes de formação de preços para a soja brasileira.

E no Brasil, novos dados de plantio divulgados pela Pátria Agronegócios, nesta sexta, apontam que os trabalhos de campo chegaram a 17,35%, ainda atrás do mesmo período do ano passado, quando a semeadura estava concluída em 22,60%. A média dos últimos cinco anos é de 16,79%. Paraná segue liderando o plantio e já conta com 43,2% do plantio concluído, contra 33% do ano passado. Em Mato Grosso, são 27,1%, contra 41,35% de 2022, neste mesmo intervalo.

Plantio Soja BR - Pátria

“O destaque fica para o avanço semanal no Paraná em aceleração, onde as chuvas estão se dispersando pelo estado. No Mato Grosso, o atraso é notado em grande parte dos entornos da BR-163 (principal região produtora)”, traz o boletim semanal da Pátria. De acordo com os especialistas da consultoria, seus clientes já relatam que muitos, provavelmente, terão a necessidade do replantio em algumas áreas, “em alguns talhões semeados há quase um mês em Mato Grosso, que apresentam baixo estande devido a falta de reposição hídrica nas últimas semanas”.

O analista de mercado e diretor da Pátria, Matheus Pereira, informa que esta passa a ser uma das realidades que mais exigem atenção e devem ganhar cada vez mais espaço no mercado. “O produtor, neste exato momento, se prepara mais com chuva do que com o mercado. É claro que não pode fechar o olho nem para um, nem para outro. Mas, a maior preocupação agora é se vai chover pela frente, porque já está atrasado e há sinais de mais atraso no Centro-Norte do Brasil por falta de reposição hídrica convencional”.

Também por conta disso, a semana foi de volume limitado de negócios no mercado brasileiro de soja. Na quinta-feira, 12 de outubro, além do feriado nacional em comemoração ao Dia de Nossa Senhora Aparecida, foi ainda reportado o novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o que também deixou os mercados mais afastados de novos negócios. “O produtor está, realmente, muito preocupado com o plantio agora”, afirma Pereira.

O consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, diante do que tem visto in loco em áreas importantes de produção de soja afirma que já não espera mais que a safra 2023/24 brasileira supere as 160 milhões de toneladas. “Vamos ter um aumento de área, mas as condições de arranque da safra não estão boas, estamos com problemas no Sul, Sudeste, no Centro-Oeste tem atraso no plantio, vai complicar, vai ter área que não vai replantar. Nessa condição, se parar de chover (no Sul), vamos demorar pelo menos uma semana para começar a plantar”, diz.

Com ajustes, portanto, que possam vir para o real tamanho da safra brasileira, ajustes positivos para as coatações também deverão ser observados, na análise de Brandalizze.

BOLSA DE CHICAGO

No mercado internacional, o principal fator que estimulou e permitiu o saldo positivo dos preços em Chicago foi o surpreendente novo relatório do USDA. O departamento em seu novo boletim mensal de oferta e demanda apontou a colheita dos EUA sendo reduzida para 111,70 milhões de toneladas, sobre 112,84 milhões de toneladas em setembro. A produtividade também caiu para 55,59 sacas por hectare, sobre 56,15 sacas por hectare no último relatório. Os estoques finais da oleaginosa foram reajustados levemente para 5,98 milhões de toneladas, sobre 5,99 milhões de t no último mês.

A pressão sentida nesta sexta-feira tirou parte dos ganhos e veio refletindo, em partes, os números mornos das vendas semanais para exportação, que também chegaram pelo USDA, além de uma nova disparada do dólar, que limita ainda mais a competitividade dos produtos norte-americanos.

Os volumes acumulados de soja comprometida com as exportações no ano comercial ainda preocupam. Especialmente na soja, o total é 31% menor do que no mesmo período anterior e confirma a lentidão do programa de exportação norte-americano. De acordo os números, os EUA já comprometeram 19,509 milhões de toneladas da oleaginosa com vendas externas, contra mais de 28,1 milhões no mesmo período da tempora anterior.

A nova estimativa total do USDA para as exportações 2023/24 é de 47,76 milhões de toneladas, número que foi mais uma vez corrigido para menos em seu boletim mensal de oferta e demanda reportado nesta quinta-feira (12).

Na semana encerrada em 5 de outubro, as vendas americanas de soja para exportação foram de 1,056,8 milhão de toneladas, com a maior parte sendo destinada à China. O mercado esperava algo entre 650 mil e 1 milhão de toneladas. O volume foi 31% maior do que o da semana anterior e 68% em relação à média das últimas quatro semanas.

“Embora o USDA tenha mantido os estoques finais da soja americana nos mesmos níveis que o relatório passado, o mercado volta a ficar pessimista com o ritmo da exportação, especialmente devido à baixa dos níveis do rio Mississippi, fraca demanda da China nos últimos e postura mais lenta das vendas por parte do produtor americano”, explica o time da Agrinvest Commodities. “Vale lembrar, porém, que a queda nos níveis de rios importantes para o escoamento da soja no Arco Norte do Brasil pode impactar o escoamento da oleaginosa, o que seria um fator importante para a retomada das compras da China por soja americana”, complementa a consultoria.

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