Os frigoríficos brasileiros exportaram volumes recordes para um mês nos setores de carne bovina e suína em agosto, puxados pela firme demanda internacional, especialmente da China, mostraram dados da indústria na terça-feira.

Os embarques totais da proteína bovina, considerando os produtos in natura e processados, somaram 230,19 mil toneladas no mês passado, aumento de 8,6% ante igual período de 2021, informou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). A receita cresceu 15,8% no período, para 1,36 bilhão de dólares.

Na última semana, reportagem da Reuters antecipou que as vendas externas de carne bovina in natura haviam alcançado uma máxima histórica em agosto, com base em dados do governo federal.

“Para a Abrafrigo, isso tem a ver com o aumento das compras pela China que, nesta época do ano, começa a preparar seus estoques para as comemorações do Ano Novo Lunar que, em 2023, começa em 22 de janeiro, período em que o consumo é elevado naquele país”, disse a entidade em nota.

Sozinha, a China comprou 131.884 toneladas de carne bovina brasileira em agosto, mais da metade do volume total enviado pelo país ao exterior, de acordo com a entidade.

No segmento de suínos, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que as vendas externas da carne totalizaram em agosto 116,3 mil toneladas, alta de 27,7% no comparativo anual e o maior volume já exportado pela suinocultura brasileira em um único mês.

A receita com os embarques da proteína suína in natura e processada alcançou 269 milhões de dólares no mês passado, número 28,7% superior ao registrado um ano antes.

“A significativa alta das vendas de carne suína para a China em agosto se soma aos bons resultados em mercados como Chile, Tailândia, Vietnam e as Filipinas, que assumiu o segundo posto no ranking de principais destinos das exportações brasileiras”, afirmou em nota separada o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

A China, principal destino das exportações do setor, importou 49,2 mil toneladas em agosto, alta de 16% no ano a ano. Já as Filipinas compraram 11,5 mil toneladas, mas com um salto de 381% no comparativo anual.

Santin disse que este desempenho reforça a perspectiva da ABPA de que o segundo semestre será significativamente melhor que os seis primeiros meses deste ano, quando justamente a China vinha recuando nas compras após ter seu plantel de suínos recomposto depois de anos com problemas decorrentes da peste suína africana.

NO ANO

As exportações de carne bovina acumuladas de janeiro a agosto somam 1,52 milhão de toneladas e a receita atingiu 8,825 bilhões de dólares, crescimentos de 18,4% e 40,7%, respectivamente, segundo a Abrafrigo.

Assim como no desempenho mensal, a China é a grande impulsionadora dos embarques no ano. A vendas externas da proteína bovina ao país asiático chegaram a 786.872 toneladas (+31%) no mesmo período, com receita de 5,32 bilhões de dólares (+69,7%).

“Com isso, a China é a responsável por adquirir 51,8% das exportações brasileiras do produto, e por 60,3% da receita”, ressaltou a associação.

Os Estados Unidos continuam elevando suas importações e são o segundo maior cliente do Brasil no setor de bovinos: até agosto compraram 123.123 toneladas (+85,2%). O terceiro principal importador foi o Egito, com alta de 96,8%, para 81.316 toneladas em 2022.

No segmento de carne suína, por outro lado, o recuo no apetite chinês ao longo do primeiro semestre pressionou os resultados do ano.

A ABPA informou que, entre janeiro a agosto, as vendas internacionais de carne suína do Brasil totalizaram 722,8 mil toneladas, volume 4,5% menor que o registrado no ano passado.

Na mesma linha, a receita obtida neste ano alcançou 1,607 bilhão de dólares, queda de 11% ante o resultado dos oito primeiros meses de 2021.

Fonte: Reuters