Após quatro meses seguidos de queda, o custo de produção de leite voltou a apresentar variação positiva. Em janeiro, o ICPLeite/Embrapa registrou uma variação de 1,4%. Os custos da Mão de obra e dos itens que compõem o grupo Qualidade do leite foram os principais responsáveis por esse aumento.

A inflação do mês de janeiro de 2023 superou a inflação do segundo semestre de 2022, que foi de 1,2%. Entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023 o ICPLeite/Embrapa registrou inflação zero.

Reajuste do salário mínimo impactou o grupo Mão de obra

A alta do custo de produção de leite do mês de janeiro foi resultante, principalmente, do reajuste do salário mínimo, que foi 7,4%. O impacto deste reajuste no grupo Mão de obra foi de 6,1% e foi percebido na folha de pagamento de funcionários fixos, mas não foi estendido ao pagamento dos diaristas, cujo o valor permaneceu o mesmo do mês anterior.

O grupo Qualidade do leite variou 5,3% em virtude do aumento dos preços de itens de higiene da ordenha. Outros três grupos tiveram variações positivas, mas abaixo da inflação do mês. Foram: Minerais, Volumosos e Energia e Combustíveis. Dois grupos registraram queda de preços: Concentrado (-0,4%) e Sanidade e reprodução (-0,1%). Os dados constam do Gráfico 1.


No acumulado de doze meses, quatro grupos que compõem o ICPLeite/Embrapa variaram
positivamente. Qualidade do leite foi o que apresentou o maior acúmulo, com a inflação de 24,0%, seguido do grupo Mão de obra, que variou 14,1%. Os grupos Minerais e Sanidade e reprodução, acumularam variação anual de 13,6% e 9,1%, respectivamente.

Três grupos apresentaram deflação e compensaram a elevação de custos dos grupos citados. O grupo Energia e combustível foi o que registrou maior queda e variou -14,0%. A alimentação registrou deflação anual. O grupo Volumosos teve queda de 11,5% e o grupo Concentrado, que possui o maior peso relativo na ponderação do índice, apresentou variação de -2,9%. Os dados constam do Gráfico 2.

O Gráfico 3 mostra que, entre Janeiro/22 e janeiro/23 foram registrados três períodos distintos na evolução dos custos de produção de leite. Os custos cresceram continuamente até abril/22 e caíram continuamente, a partir daí, até julho/22, numa trajetória inversa do esperado, já que o fim do período de chuvas no centro-sul do Brasil corresponde, sempre, a um aumento nos custos de produção. Em julho/22 foi mais barato produzir leite que em janeiro/22. Este fenômeno raro se deu em função de queda nos custos de aquisição, principalmente soja e milho. Em agosto houve elevação de custos. Mas, nos quatro meses seguintes houve queda nos custos de produção, com reversão de tendência em janeiro/22.

Material elaborado por: Paulo do Carmo Martins e Samuel José de Magalhães Oliveira, pesquisadores em economia da Embrapa Gado de Leite, e Manuela Sampaio Lana e Alziro Vasconcelos Carneiro, analistas em economia da Embrapa Gado de Leite

Fonte: Embrapa Gado de Leite