O dólar tinha queda frente ao real na manhã desta sexta-feira, com entraves à tramitação da PEC da Transição e da Lei das Estatais no Congresso sustentando o humor dos mercados brasileiros.

Às 10:33 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,30%, a 5,2989 reais na venda.

Na B3, às 10:33 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,40%, a 5,3130 reais.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na véspera que a votação da PEC da Transição, inicialmente prevista para a quinta-feira, só irá ocorrer na próxima terça.

“A resistência que a pauta enfrenta na Câmara aumenta as chances de desidratação do projeto, já que o futuro governo pretende aprová-la ainda este ano e o Congresso entra em recesso na semana que vem”, avaliou a Levante Investimentos em nota.

A PEC da Transição, da forma como saiu do Senado, permite a expansão do teto de gastos em 145 bilhões de reais para pagamento do Bolsa Família e o desbloqueio de dotações provisionadas que seriam canceladas até o fim de 2022.

A possibilidade de as alterações na Lei das Estatais que viabilizariam a indicação do petista Aloizio Mercadante à presidência do BNDES serem votadas apenas no ano que vem também oferecia algum alívio ao sentimento de investidores, disse à Reuters Gustavo Sung, analista-chefe da Suno Research.

O analista disse ainda que falas recentes do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o Brasil não está em um momento em que uma expansão fiscal ajudaria a economia, colaboraram para a descompressão de riscos fiscais nos últimos dias.

No entanto, ao contrário de alguns participantes do mercado, Sung enxerga os entraves para a aprovação da PEC da Transição como fonte de incerteza, e não de alívio.

“Se a gente já tivesse definido (os termos finais da PEC), talvez a maior certeza poderia fazer o mercado se ajustar, em vez de ter picos de volatilidade”, disse o especialista.

Já no exterior, o dólar tinha pouca alteração contra uma cesta de pares fortes, conforme investidores tentavam avaliar os efeitos dos ciclos de aperto monetário dos principais bancos centrais do mundo.

“Por um lado, investidores ficam de olho com a alta dos juros numa possível recessão, e isso traz um pouco de rali do dólar”, disse Sung. “Por outro, alguns investidores veem possibilidade de melhora na margem do cenário inflacionário global.”

O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou sua taxa de juros nesta semana em 0,50 ponto percentual, desacelerando o ritmo de aperto após subir os custos dos empréstimos em 0,75 ponto em cada uma de suas três reuniões anteriores.

No entanto, as mais recentes projeções econômicas trimestrais do Fed mostram que as autoridades veem os juros em 5,1% no final do próximo ano. Em setembro, eles projetavam que 2023 terminaria com a taxa básica em 4,6%.

Quanto mais altos são os custos dos empréstimos nos EUA, mais o dólar tende a se beneficiar, e vice-versa.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,11%, a 5,3150 reais na venda.

Fonte: Reuters