A produção da milho 2022/23 deve alcançar 4,51 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, estimou nesta quinta-feira a consultoria StoneX, com um recuo ante os 5,38 milhões projetados no início deste mês, em meio a chuvas irregulares e episódios de seca no Estado.

As condições climáticas também afetaram o plantio da soja, que avançou com lentidão na média estadual da última semana e ficou paralisado em algumas regiões gaúchas, segundo a empresa de assistência técnica e extensão rural Emater-RS.

Para milho, o cenário é mais adverso.

“A irregularidade das chuvas no Estado gaúcho durante a segunda quinzena de novembro e ao longo das primeiras semanas dezembro, momento considerado crucial para a determinação do potencial produtivo das lavouras em muitas regiões, acabou acarretando perdas de produtividade”, disse a consultoria sobre o cereal em nota.

A StoneX ressaltou que houve precipitações nos últimos dias, mas insuficientes para melhorar as condições de parte das lavouras de milho. O clima no restante de dezembro deve ser determinante para o desempenho da cultura.

Dados da Emater-RS divulgados nesta quinta-feira mostram que o plantio do cereal avançou somente 1 ponto percentual no Rio Grande do Sul na última semana, para 89% das áreas.

Um ano antes, 91% das lavouras estavam semeadas e a média histórica para esta época do ano no Estado é de 92%, de acordo com a companhia ligada ao governo estadual.

A lentidão dos trabalhos na semana ocorreu, segundo a Emater, “em função da ausência de teores adequados de umidade nos solos e do escalonamento de produção”.

Uma amostragem realizada pela empresa na semana passada, em 416 municípios, apontou redução próxima a 7% na estimativa de produtividade para o milho gaúcho, que passou de 7.337 para 6.845 quilos por hectare.

A estatal Conab havia cortado na última semana a safra de milho gaúcha, citando problemas climáticos.

SOJA

No caso da soja, o plantio atingiu 85% das áreas, aumento de quatro pontos na semana, afetado pelas condições climáticas, conforme dados da Emater.

“O tempo quente e seco, com ocorrência parcial e variável de chuvas, interferiu na dinâmica de implantação e nas condições de desenvolvimento das lavouras. Em regiões onde não ocorreram precipitações, o plantio será retomado quando o solo recuperar a umidade”, afirmou.

Segundo a Emater, a opção por realizar o plantio em solo seco, utilizando sementes tratadas, quase não foi adotada, pois as previsões indicavam provável ausência de chuvas nas semanas seguintes.

“Na maior parte do Estado, devido aos efeitos do La Niña, a implantação e o desenvolvimento da cultura estão em atraso em relação aos anos considerados normais”, lembrou a empresa.

No mesmo período da safra passada, 88% das áreas de soja estavam semeadas no Rio Grande do Sul e a média histórica é de 92%.

Nesse cenário, os produtores optaram, também, pelo escalonamento de plantio e por maior variação de ciclo das cultivares utilizadas, mantendo a maior parte com variedades precoces e utilizando sementes de ciclos médio e tardio como estratégia para minimizar os riscos.

Na avaliação da StoneX, há impactos da estiagem na soja gaúcha, mas ainda é cedo para estimar concretamente perdas, dado que o clima ao longo de janeiro e fevereiro será essencial para a definição da safra.

Fonte: Reuters