Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -Após subir mais de 1% na véspera em função dos receios com o equilíbrio fiscal brasileiro, o dólar à vista fechou a terça-feira em queda ante o real, numa sessão marcada por ajustes de posições e a despeito da alta da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9554 reais na venda, em baixa de 0,65%. Em janeiro, a moeda acumula elevação de 2,14%.

Na B3, às 17:18 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,70%, a 4,9605 reais.

Dados da B3 indicaram que, na última sexta-feira, os investidores estrangeiros retiraram 3,45 bilhões de reais da bolsa brasileira, o que não passou despercebido entre os players que atuam no câmbio.

Ao mesmo tempo, na segunda-feira o dólar à vista subiu 1,23% ante o real, após o governo divulgar o plano “Nova Indústria Brasil”, que prevê 300 bilhões de reais em financiamentos até 2026. O anúncio piorou a percepção no mercado sobre o risco fiscal brasileiro, ainda que operações do BNDES sustentem o programa — o que não necessariamente trará impacto fiscal para o Tesouro.

“Descobrimos que houve uma saída grande de ‘gringos’ da bolsa no dia 19 (sexta), talvez pelo vencimento de opções (sobre ações). A combinação disso com o desconforto fiscal gerou um ‘sell-off’ na segunda-feira” descreveu Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM. “Hoje (terça-feira) o dólar acomoda um pouco o que pode ter sido exagerado”, acrescentou.

Na prática, houve recomposição de posições e realização de lucros por parte de alguns investidores, em especial quando a moeda norte-americana se reaproximou dos 5,00 reais — uma marca psicológica que tem atraído vendedores para o mercado.

“Na região de 5,00 reais podemos vender um pouco mais, aumentando o médio da venda”, opinou pela manhã o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.

Além disso, dando suporte aos ativos brasileiros, os contratos futuros de minério de ferro subiram nesta terça-feira, atingindo o nível mais alto em mais de uma semana, depois que autoridades da China prometeram estabilizar seus mercados.

Durante a sessão, dados sobre a arrecadação federal em dezembro melhoraram a percepção de risco fiscal entre os investidores, o que favoreceu o fechamento da curva de juros futuros e contribuiu para maior otimismo também no mercado de câmbio.

Neste contexto, o dólar à vista oscilou entre a cotação máxima de 5,003 reais (+0,30%), às 9h10, e a mínima de 4,9483 reais (-0,79%), às 15h57.

O recuo da divisa dos EUA no Brasil ocorreu apesar de, no exterior, o dólar registrar ganhos firmes ante uma cesta de moedas fortes e também subir ante boa parte das demais moedas.

Às 17:18 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,19%, a 103,580.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.

(Edição de Alexandre Caverni)

Fonte: Reuters

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