O dólar operava sem direção clara contra o real na manhã desta segunda-feira, com o mercado à espera das decisões de política monetária dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos esta semana, de olho ainda na pausa no rali das commodities em meio a esperanças de resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Às 9:56 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,06%, a 5,0512 reais na venda. A moeda norte-americana trocou de sinal várias vezes ao longo da primeira hora de negociações, oscilando entre 5,0673 reais no pico (+0,26%) e 5,0414 reais na mínima (-0,24%).

Na B3, às 9:56 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,52%, a 5,0775 reais.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de seis rivais fortes tinha leve queda no dia. A moeda norte-americanana oscilava entre estabilidade e leve baixa contra rand sul-africano e pesos mexicano e chileno, emergentes cujo movimento a divisa brasileira tende a acompanhar.

“O que vemos em meio à usual volatilidade dos ativos é um pequeno avanço nas conversas entre ucranianos e russos, as quais soam um pouco mais otimistas do que as anteriores”, disse em relatório Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

A vice-secretária de Estado dos Estados Unidos, Wendy Sherman, afirmou que a Rússia pode estar disposta a manter negociações substanciais com a Ucrânia, enquanto uma autoridade ucraniana disse que a comunicação entre os dois lados é difícil, mas contínua.

O alívio no noticiário envolvendo a guerra, no entanto, derrubou os contratos futuros de produtos como petróleo, milho, trigo, minério de ferro e aço, entre várias outras commodites, o que parecia prejudicar o dólar australiano.

O real, assim como a divisa da Oceania, tem se beneficiado nas últimas semanas da disparada generalizada nos preços das commodities, que tende a elevar o ingresso de dólares em países exportadores.

Enquanto isso, investidores estavam atentos às reuniões de política monetária de vários bancos centrais nesta semana, incluindo do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.

Por aqui, há ampla expectativa de que a taxa Selic será elevada em 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano, mas o foco estará nas indicações do BC sobre seus próximos passos.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o Credit Suisse disse que “dada a elevada inflação atual e o alto nível de indexação da economia, que aumenta a persistência da inflação, esperamos que o BC continue apertando ainda mais a política monetária e por mais tempo”. Na semana passada, o banco privado elevou sua projeção para a inflação de 2022 a 7%, vendo a Selic em 13,25% até o fim do ano.

Juros mais altos no Brasil tendem a beneficiar o real, já que elevam a atratividade de investimentos no mercado de renda fixa doméstico, mas participantes do mercado ponderavam que o banco central dos Estados Unidos está prestes a iniciar seu próprio ciclo de aperto monetário, o que pode vir a impulsionar o dólar.

Há ampla expectativa de que o Fed elevará os juros em 0,25 ponto percentual nesta semana, pressionado pela disparada da inflação, atualmente numa máxima em mais de 40 anos na maior economia do mundo.

Tanto o Banco Central do Brasil quando o Federal Reserve anunciarão suas decisões de política monetária na quarta-feira, ao fim de reuniões de dois dias.

O dólar spot fechou a última sessão em alta de 0,74%, a 5,054 reais na venda.

Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 2 de maio de 2022.

Fonte: Reuters