Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista fechou a sexta-feira em alta ante o real, acompanhando tendência mais geral de avanço da moeda norte-americana no exterior após a divulgação de dados econômicos fracos na China e na Europa e comentários de uma autoridade do Federal Reserve que esfriaram as expectativas de corte de juros nos EUA.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9379 reais na venda, em alta de 0,46%, interrompendo uma sequência de duas sessões consecutivas de queda. Na semana, a divisa acumulou ganho de 0,18% e, em dezembro até agora, elevação de 0,46%.

Na B3, às 17:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,50%, a 4,9420 reais.

No início dia, o dólar chegou a oscilar no terreno negativo, com as cotações ainda influenciadas pela decisão de política monetária do Fed na quarta-feira. O banco central norte-americano anunciou a manutenção de sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, como esperado, mas projetou cortes de 75 pontos-base em 2024 — mais do que o previsto anteriormente, o que pesou sobre o dólar na quarta e na quinta-feira.

Na cotação mínima desta sexta-feira, às 9h03, o dólar à vista marcou 4,9050 reais (-0,21%).

A moeda norte-americana, no entanto, se beneficiou da fraqueza de outras divisas no exterior, após a divulgação de dados fracos na China e na Europa.

A Agência Nacional de Estatísticas informou que os preços das casas novas na China caíram pelo quinto mês consecutivo em novembro, enquanto o investimento em imóveis caiu 9,4% de janeiro a novembro em relação ao ano anterior, após uma queda de 9,3% de janeiro a outubro.

Já as vendas no varejo chinês cresceram 10,1% em novembro, acelerando em relação ao aumento de 7,6% em outubro, mas não atenderam às expectativas dos analistas, de salto de 12,5%.

Na Europa, o PMI composto preliminar do HCOB para a zona do euro, compilado pela S&P Global, caiu para 47,0 em dezembro, ante 47,6 em novembro. Pesquisa da Reuters projetava aumento para 48,0.

Além dos números chineses e europeus, fizeram preço no mercado global de dólar os comentários do presidente do Fed de Nova York, John Williams, que rejeitou as crescentes expectativas em relação a cortes na taxa de juros dos EUA.

Segundo ele, o Fed ainda se concentra em verificar se a política monetária está no caminho certo para continuar levando a inflação à meta de 2%.

“Não estamos realmente falando sobre cortes de juros no momento”, disse Williams em entrevista à CNBC.

A fala de Williams deu força ao dólar ante diversas divisas no exterior e fez a moeda norte-americana atingir as máximas da sessão no Brasil. Às 10h40, no pico do dia, o dólar à vista foi cotado a 4,9517 reais (+0,74%).

“O exterior está ruim em parte em função dos últimos números da economia europeia e chinesa, que atestam uma expansão fraca da atividade. E os comentários de Williams também fizeram preço”, disse o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar o avanço da divisa dos EUA no Brasil.

Um terceiro fator ajudou a sustentar as cotações do dólar no dia, conforme um operador ouvido pela Reuters: a compra sazonal de dólares neste fim de ano, por fundos e multinacionais, para remessas ao exterior.

Em paralelo, os agentes do mercado seguiram atentos à agenda de votações no Congresso Nacional.

Na quinta-feira, a derrubada do veto presidencial ao projeto que prorroga até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia foi mal recebida pelo mercado.

Nesta sexta-feira, a expectativa girava em torno do projeto de reforma tributária e, em especial, das “exceções” tributárias incorporadas à proposta ao longo da tramitação, que podem elevar o risco fiscal.

No exterior, o dólar seguia em alta firme ante as divisas fortes no fim da tarde e avançava ante boa parte das moedas de exportadores de commodities e emergentes.

Às 17:16 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,54%, a 102,520.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.

Fonte: Reuters

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