Com a previsão de recorde da safra 2021/2022, principais insumos – soja e milho – devem baratear no País e ajudar criadores de suínos; Crise financeira das famílias preocupa categoria em Goiás

Depois de quase dois anos de pandemia da Covid-19, quando o custo de produção na suinocultura chegou a 70%, o suinocultor espera um cenário melhor a partir do próximo ano em Goiás e no Brasil. A perspectiva é favorável, já que há aumento na demanda doméstica em todo o País. Entretanto, a crise econômica preocupa.

É o que conta o consultor de mercado da Associação Goiana de Suinocultores (AGS) e da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Iuri Pinheiro Machado. Ele destaca que a produção vem crescendo nos últimos dois anos na faixa de 8% e alerta que o consumidor brasileiro talvez não absorva a oferta.

“É um crescimento [de produção] muito expressivo. Isso nos leva a crer que teremos, também no próximo ano, a suinocultura brasileira cresça entre 5% e 6%, já que esse crescimento não desacelera de um ano para o outro. Mas nos preocupa se o mercado consumidor doméstico vai conseguir absorver, mais em função da crise econômica que estamos passando, a queda no poder aquisitivo da população… A gente espera que se houver uma reversão no cenário, voltando o poder de compra do consumidor, o produtor pode ser beneficiado”.

Na última semana, o valor do quilo do suíno vivo bateu R$ 7,10 em Goiás, mas já chegou a R$ 5 ao longo de 2020, no início da crise da pandemia. O especialista da AGS acredita que o valor vai se manter nos próximos meses. “A virada do ano é esperado um recuo do preço, tradicionalmente acontece, tanto a exportação diminui quanto a demanda interna em função das despesas tradicionais das famílias brasileiras, mas a perspectiva para depois é de manutenção”. Atualmente, o consumo per capita da carne suína pelo brasileiro passa de 17 kg ao ano, de acordo com a ABCS. Em Goiás, a estimativa é o consumo de até 22 kg.

Safra recorde

Iuri lembra que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prevê safra 2021/2022 recorde e isso pode reverter para a queda no custo de produção na criação de suínos. “Pelo menos o clima está colaborando para isso. A primeira parte da safra no Centro-Oeste foi plantada no prazo, e já devemos ter a primeira safra de milho relevante, beirando 30 milhões de toneladas. E na segunda safra devemos ter um volume maior, com expectativa para recorde. E, com certeza, devemos ter uma queda no custo de produção em função disso”, explicou o consultor de mercado.

Para o especialista, a exportação da proteína também vai ajudar toda a cadeia. “A China deve, no primeiro semestre, reduzir um pouco a compra de carne suína do Brasil. Só que, agora, tem a Rússia, que volta para o cenário de importador de suínos. Ela abriu cota de 100 mil toneladas para até julho, o que pode compensar um pouco a China”, explicou. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de suínos deve alcançar neste ano 4,700 milhões de toneladas, sendo 1,150 milhão para exportação, número 12% maior que as 1,024 milhão de toneladas exportadas em 2020.

O produtor Fernando Cordeiro, que cria suínos em sua fazenda em Anápolis, a 55 km de Goiânia, tem boa perspectiva para o próximo ano. Para ele, 2021 foi considerado bom. “A perspectiva para 2022 é de estabilidade ou até mesmo um consumo maior, como ocorreu neste ano”.

Fernando diz ficar atento com as exportações e os preços do milho e do farelo, que compõem a produção suína. “A gente precisa observar a demanda chinesa, principalmente no início do ano. E por outro lado, temos que observar o nosso custo de produção, que é justamente o preço do farelo e milho, que representa mais de 70% de todo o custo. A perspectiva é boa tanto para soja, quanto para o milho, com safra recorde. E isso pode ajudar a gente nos custos. Se em 2022 se manter como foi neste ano, tá bom, apesar da dificuldade na produção.”

Fonte: AGS