SÃO PAULO (Reuters) – Uma “mobilização” trabalhista de fiscais agropecuários do Brasil tem colocado “dificuldades” para a indústria de carnes do país, já que “atrasa” a emissão de Certificados Sanitários Internacionais (CSIs) para embarques de produtos, afirmou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Segundo a ABPA, o movimento dos fiscais afeta agroindústrias produtoras e exportadoras de carne de aves, carne suína e ovos do Brasil, com potencial impacto nas exportações. A entidade não detalhou como os processos estão sendo impactados.

O Brasil é o maior exportador de carne de frango e um dos maiores de proteína suína. Também é líder na exportação de carne bovina.

A operação dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, parte de uma mobilização iniciada ao final de janeiro, busca reivindicar reestruturação da carreira dos servidores públicos.

Contudo, “também penaliza severamente os setores de proteína animal que sempre defenderam publicamente a valorização da carreira dos auditores”, disse a ABPA.

“De imediato, a operação coloca em risco cargas vivas e compromete a importação e exportação de material genético, que são altamente sensíveis ao tempo de trânsito. No curto prazo, o retardo das linhas de produção provocado pelo movimento poderá impactar a oferta de produtos”, afirmou a ABPA.

Protesto de fiscais agropecuários afetará a certificação sanitária da carne por mais 8 dias

Os auditores fiscais agropecuários que atuam nos frigoríficos continuarão a retardar a emissão de certificados sanitários internacionais enquanto aguardam uma nova rodada de negociações com o governo federal na próxima semana, disse uma associação que representa a categoria de servidores nesta quarta-feira.

A ação visa a reestruturação da carreira e melhores condições de trabalho para os auditores.

Janus Macedo, presidente da Anffa Sindical, afirmou que legalmente os auditores têm até cinco dias para concluir uma série de trabalhos administrativos, incluindo a emissão de tais certificados. Como forma de protesto por melhores condições de trabalho, ele disse que a categoria planeja continuar usando todo esse tempo.

“Estamos fazendo isto primeiro para chamar a atenção para a deficiência no número de auditores e em segundo lugar por uma atenção maior com relação à reestruturação da nossa carreira”, disse Macedo por telefone.

Entre outras reivindicações, Macedo disse que o governo precisa aumentar o número de auditores federais em pelo menos 1.700 para atender o setor de exportação de carne do Brasil, que movimenta 23 bilhões de dólares por ano.

No momento, há um total de cerca de 2.300 auditores fiscais agropecuários e eles estão “sobrecarregados”, disse Macedo.

A situação preocupa os frigoríficos porque a demora na emissão de certificados sanitários internacionais pode interromper o comércio e o fornecimento de carne, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“De imediato, a operação coloca em risco cargas vivas e compromete a importação e exportação de material genético, que são altamente sensíveis ao tempo de trânsito. No curto prazo, o retardo das linhas de produção provocado pelo movimento poderá impactar a oferta de produtos”, afirmou a ABPA.

Macedo negou qualquer atraso na emissão de certificados sanitários internacionais para remessas perecíveis, como ovos férteis e pintinhos de um dia, que precisam ser liberados para embarque no mesmo dia.

A ação trabalhista da Anffa começou no final de janeiro, segundo a ABPA.

Após uma reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, nesta quarta-feira, Macedo disse à Reuters que novas negociações com o governo ocorrerão em 29 de fevereiro.

Ele disse ainda que, embora o ministro não tenha “poder de decisão” em relação à carreira dos auditores, ele poderia ser fundamental para persuadir o governo a atender suas demandas.

(Reportagem de Ana Mano, com reportagem adicional de Roberto Samora)

Fonte: Reuters

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